Rádio Freamunde

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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Não há nada que o tempo não resolva:

É a mais antiga universidade italiana, foi fundada em 1303 e tem o mais belo dos nomes para a função que pratica, La Sapienza, A Sabedoria. No mês passado, mas só ontem se soube, convidou o mais improvável especialista para participar numa aula de criminologia: o capitão Francesco Schettino. Ele falou aos alunos sobre "gestão do controlo de pânico numa situação de crise". O capitão Schettino, lembram-se? O comandante do navio de cruzeiro Costa Concordia que em janeiro de 2012 naufragou nas rochas da ilha de Giglio, na Toscana. Ele foi dos primeiros a pôr-se a salvo enquanto centenas de passageiros permaneciam no navio sem que lhes gerissem o controlo do pânico. Morreram 32 descontrolados. Itália - um país que tem milhares de boas razões para nos ser simpático e mais esta: dá--nos o péssimo conforto de não estarmos sozinhos na produção de noticiários absurdos (olá, ministro Pires de Lima, bela frase a sua, ontem: "Acontecimentos no BES são inexplicáveis") -, a Itália, pois, ficou em estado de choque com mais este disparate. O jornal Corriere della Sera fazia esta comparação: "É como se o Drácula desse uma aula sobre anemia." Atenção, La Sapienza tem uma desculpa para o seu despropósito: o naufrágio já tem dois anos. Ninguém nos garante que daqui a dois anos Ricardo Salgado não volte a dar uma aula magna sobre a vida dos portugueses acima das suas posses.

FERREIRA FERNANDES

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