Rádio Freamunde

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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O roubar está cada vez mais inventivo:

Para os batoteiros, o problema com os jogos de azar é o azar, entendido este último como acaso. Os aldrabões profissionais não confiam no acaso. Por isso viciam os dados, drogam os cavalos ou compram jogadores... No entanto, há sempre uma chance de lhes calhar o acaso. Por exemplo, um batoteiro anular outro: há uma anedota brasileira que diz que jogo viciado na Bahia acaba sempre empatado (uma equipa faz por perder mas a outra também). O ótimo, pois, seria ter todas as chances do seu lado. Como aquele ditador africano que resolveu o assunto anunciando os resultados eleitorais antes do escrutínio: "Assim não há fraude", explicou-se ele com certa lógica. E é depois disto que caímos em pleno noticiário de ontem com a Procuradoria-Geral da República a abrir um inquérito à suspeita de um jogo de futebol entre os portugueses do Freamunde e espanhóis do Ponferradina, que foi metido na bolsa de apostas internacionais. É claro que a história estaria em tentar perceber o mistério que leva um tipo de Hong Kong a investir um cêntimo que seja num assunto de que não percebe nada. Mas o caso Freamunde-Ponferradina tem um lado inovador: é que o jogo não se realizou. Quer dizer, os batoteiros nem precisaram de comprar jogadores, inventaram o que lhes deu na gana, um 1-1 ou um 37-5. Isto abre perspetivas fantásticas para nossa alta finança. Para a próxima nem precisam das tretas dos bancos, podem ir diretamente para o assalto.

Ferreira Fernandes

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