Hoje Joanesburgo na África do Sul é a cidade mundial onde estão os
Presidentes da maioria dos países do Mundo. O motivo é o luto que aquela nação
cumpre com o seu filho mais conhecido no Mundo. Era bom que não fosse. Mas
derivado à idade avançada e aos últimos dias complicados de Nelson Mandela com
a sua saúde previa-se este desenlace. Esteve vários dias de coma e os
Sul-africanos aperceberam-se que o seu fim estava próximo.
Lutou a maior parte da sua vida pela vida dos seus conterrâneos que
tiveram a infeliz sorte de terem nascido de cor diferente da maioria dos
decisores do Mundo. E quer queiramos ou não este Mundo sempre teve Hitleres.
Seja pela cor da pele, pelos seus ideais, estes seres aberrantes nunca
suportaram a diversidade. Ou eram iguais a eles ou desapareciam. Foi o que fez
Hitler aos Judeus.
Não suportava a sua inteligência e habilidade para o negócio. Assim há
que persegui-los até os meter a todos nos vários campos de concentração. Só que
como em todos os tempos houve e há pessoas imbuídas dos maiores sentimentos
humanistas como Aristides Sousa Mendes e outros que com risco de vida valeram a
esses infelizes seres. Aristides Sousa Mendes perdeu tudo. Menos a sua
dignidade. E o que a história condena - caso, a de Portugal e Salazar - mais
tarde essas pessoas tornaram-se heróis aos olhos dos familiares das vítimas e
seu povo. E são acarinhados pelo povo mais simples.
Nelson Mandela pôs sempre a sua vida ao serviço dos seus concidadãos de
cor. Vinte e sete anos preso é uma eternidade na vida de uma pessoa. Sempre as
mesmas pessoas, as mesmas paredes e muros. É de tornar um ser lúcido num louco.
Aristides de Sousa Mendes não passou por isso. Mas teve a sua dose. E que dose!
Neste dez de Dezembro ao falar do que acontece em Joanesburgo não queria deixar
passar em claro o grande feito de um português. Não teve o feito e sofrimento
de Nelson Mandela. Mas Aristides de Sousa Mendes defendeu pessoas que não lhe
diziam nada. A não ser a parte humana.
Como ia dizendo Joanesburgo está repleto de pessoas a homenagear Nelson
Mandela. Na televisão vi Presidentes a discursar sobre a vida e obra de Nelson
Mandela. Do nosso nada. Para nosso consolo e da nossa língua lá apareceu a
Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, a fazer o elogio em seu nome e do povo
brasileiro.
A maioria era anónima, não discursou, mas o seu fervor ia de encontro
ao ideal de Nelson Mandela. Como se sabe entrou na cadeia como agitador ao
governo da África do Sul e saiu dali passados vinte e sete anos como
apaziguador desse governo. Juntou brancos e pretos, cristãos e não cristãos,
homens e mulheres. Aqui se vê o erro que certa “humanidade” cometeu perante um
homem que apenas queria que o seu povo fosse parte integrante dos problemas da
África do Sul.
Uma grande parte do Mundo ignorou-o. Quiseram-no enjaular como se fosse
um macaco. Aliás, tratavam-no assim a ele e ao seu povo. Foi como esconder lixo
debaixo do tapete. Hoje muitos deles ali apareceram como se nada fosse. Fazem
ou fizeram como Pôncio Pilatos. Pediram a pia de água e a toalha e depois de
decidirem a sentença lavaram as mãos. Mas as suas consciências devem estar
pesadas.
Ao contrário a de Nelson Mandela está leve como a de um passarinho. Por
isso perdoou a quem lhe fez bastante mal. É a diferença que há entre os vultos
grandes e pequenos. E Nelson Mandela sempre nos habituou a essa grandeza. Pena
outros não.
E… é com estas atitudes que a história se faz. Para depois
dizermos: afinal não houve luto! Houve alegria.

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