Frase simples mas com um sentido profundo. Só sabe valorizá-la quem já
passou por esta situação. A mim já me aconteceu em mil novecentos e setenta e
um e dois e mais recente em mil novecentos e noventa e nove. Digo mais recente,
mas ambas, no século passado. Nesses dias procurava pensar o menos possível nas
Sebastianas pois é delas que se trata. Por muito que o tentasse esquecer lá
vinha à memória a família, os amigos, a Banda de Música de Freamunde e a convidada
porque sabia bem ouvir o “combate” que travavam.
No domingo a Procissão não era esquecida assim como na segunda-feira a
afamada Marcha Alegórica. Não esquecia o “mel” e aqui o que não dava para ser
molhado. Nas que não estava presente não levava a mal mas quando estava não
gostava que me molhassem. Vá lá compreender o ser humano! Há uma explicação. Só
valorizamos as coisas quando não as temos presentes. O que não se dava para
fazer parte quando se está longe. E, o não as vibrar quando se está presente.
Mas, não é o que acontece com as Sebastianas. Longe ou perto elas são o nosso
ex-libris.
Por isso o título do texto e a exibição do vídeo. “Ai quem me dera ir
às festas à minha terra” que o grupo de Castanholas de Freamunde apresentou na
noite de ontem. Ao ouvir a sua letra lembrou-me os Freamundenses que estão por
este Portugal fora e não podem aqui se deslocar e os inúmeros emigrantes que
estão pelos vários países que compõe este planeta.
Uns… porque a vida não corre de feição. O serem obrigados a emigrar por
ordem e causa deste governo, ainda não têm a vida composta, outros porque só
têm férias no mês de Agosto. Sei que nestes momentos escorre pela face uma lágrima
atrevida porque já me aconteceu isso. O que valia era o lenço que me
acompanhava sempre para logo a apagar e os amigos que estavam presente não se
aperceberem. Que o dizermos que somos homens e não brotamos uma lágrima é uma
treta. Ou seria por obra e graça do Mártir S. Sebastião! Se foi não a dou por
perdida.
O ser-se nostálgico leva-nos a estas situações. Mas será só por isso?
Entendo que não. Nós, Freamundenses, quando fomos gerados, recebemos logo no
ventre da nossa progenitora uma poção misteriosa que nos tornou assim. Se não
foi assim! Foi algo parecido. Porque em poucas terras se vê um povo assim.
Sabemos que o Mártir S. Sebastião nos agradece e compreende os que não
podem estar presente. E até aposto dobrado contra singelo que é o seu
pensamento. Outra coisa não é de esperar. E, para mais de um santo.
Por isso um conselho aos que não podem este ano vir festejar as Sebastianas.
Façam-se fortes porque os que aqui estão vão fazer os possíveis e impossíveis por
as gozar por vocês. O tempo para já corre de feição - temperatura alta - o que
se continuar assim não há quem tenha coragem para abandonar o arraial.
Dizem alguns jovens que os dias de festejo deviam ter setenta e duas
horas. Pois noutros tempos as “vacas de fogo” eram corridas o mais tardar às
três horas da manhã. Hoje acontece que a primeira só é corrida a partir das
cinco num grupo de cinco ou seis vacas de fogo.
Freamunde é isto:
Freamunde é isto:
"Freamunde em festa"
Já toca em Freamunde o sino a festa...
É pecado esquecer o Quim Loreira,
os foguetes, os bombos, a palmeira
e o mel que ao folião refresca a testa!
Cantemos os heróis deste cantinho,
orgulho deste céu azul e branco,
reinado do capão e do tamanco,
inspirados nuns bons copos de vinho...
Não há gente como esta, nem na Lua!
Sobe um foguete e vem tudo p´rá rua
comer, cantar, beber, rir e dançar...
E só quando estiver lisa a carteira,
é que a gente procura a travesseira,
certos que ninguém nos vai roubar.
Versos autoria: Rodela
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