Rádio Freamunde

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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Ai quem me dera ir às festas à minha terra:

Frase simples mas com um sentido profundo. Só sabe valorizá-la quem já passou por esta situação. A mim já me aconteceu em mil novecentos e setenta e um e dois e mais recente em mil novecentos e noventa e nove. Digo mais recente, mas ambas, no século passado. Nesses dias procurava pensar o menos possível nas Sebastianas pois é delas que se trata. Por muito que o tentasse esquecer lá vinha à memória a família, os amigos, a Banda de Música de Freamunde e a convidada porque sabia bem ouvir o “combate” que travavam.
No domingo a Procissão não era esquecida assim como na segunda-feira a afamada Marcha Alegórica. Não esquecia o “mel” e aqui o que não dava para ser molhado. Nas que não estava presente não levava a mal mas quando estava não gostava que me molhassem. Vá lá compreender o ser humano! Há uma explicação. Só valorizamos as coisas quando não as temos presentes. O que não se dava para fazer parte quando se está longe. E, o não as vibrar quando se está presente. Mas, não é o que acontece com as Sebastianas. Longe ou perto elas são o nosso ex-libris.
Por isso o título do texto e a exibição do vídeo. “Ai quem me dera ir às festas à minha terra” que o grupo de Castanholas de Freamunde apresentou na noite de ontem. Ao ouvir a sua letra lembrou-me os Freamundenses que estão por este Portugal fora e não podem aqui se deslocar e os inúmeros emigrantes que estão pelos vários países que compõe este planeta.
Uns… porque a vida não corre de feição. O serem obrigados a emigrar por ordem e causa deste governo, ainda não têm a vida composta, outros porque só têm férias no mês de Agosto. Sei que nestes momentos escorre pela face uma lágrima atrevida porque já me aconteceu isso. O que valia era o lenço que me acompanhava sempre para logo a apagar e os amigos que estavam presente não se aperceberem. Que o dizermos que somos homens e não brotamos uma lágrima é uma treta. Ou seria por obra e graça do Mártir S. Sebastião! Se foi não a dou por perdida.
O ser-se nostálgico leva-nos a estas situações. Mas será só por isso? Entendo que não. Nós, Freamundenses, quando fomos gerados, recebemos logo no ventre da nossa progenitora uma poção misteriosa que nos tornou assim. Se não foi assim! Foi algo parecido. Porque em poucas terras se vê um povo assim.
Sabemos que o Mártir S. Sebastião nos agradece e compreende os que não podem estar presente. E até aposto dobrado contra singelo que é o seu pensamento. Outra coisa não é de esperar. E, para mais de um santo.
Por isso um conselho aos que não podem este ano vir festejar as Sebastianas. Façam-se fortes porque os que aqui estão vão fazer os possíveis e impossíveis por as gozar por vocês. O tempo para já corre de feição - temperatura alta - o que se continuar assim não há quem tenha coragem para abandonar o arraial.
Dizem alguns jovens que os dias de festejo deviam ter setenta e duas horas. Pois noutros tempos as “vacas de fogo” eram corridas o mais tardar às três horas da manhã. Hoje acontece que a primeira só é corrida a partir das cinco num grupo de cinco ou seis vacas de fogo.
Freamunde é isto:

"Freamunde em festa"

Já toca em Freamunde o sino a festa...
É pecado esquecer o Quim Loreira,
os foguetes, os bombos, a palmeira
e o mel que ao folião refresca a testa!

Cantemos os heróis deste cantinho,
orgulho deste céu azul e branco,
reinado do capão e do tamanco,
inspirados nuns bons copos de vinho...

Não há gente como esta, nem na Lua!
Sobe um foguete e vem tudo p´rá rua
comer, cantar, beber, rir e dançar...

E só quando estiver lisa a carteira,
é que a gente procura a travesseira,
certos que ninguém nos vai roubar.

Versos autoria: Rodela

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