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quinta-feira, 4 de julho de 2013

As garotadas:

Ainda me lembro desses tempos. Lá nos reuníamos no recreio da escola, no decurso do ano lectivo, ou nas brincadeiras em tempo de férias. Gostávamos e fazíamos mil e uma tropelias mas sem prejuízo de grande monta. Os lesados diziam que era coisa de garotos e que nos iam acusar aos nossos progenitores. Temíamos, pois de certeza, vinha uma bofetada ou a escova da roupa ia ser posta a funcionar - no meu caso -  pela minha mãe e a pele do meu rabo ia suportar uma vez mais essas escovadas, o que para ele já era um hábito.
Se fossem vivas, as pessoas a quem praticávamos estas garotadas, de certeza, diziam que era próprio da idade e que só nos acusavam para nós recearmos e não voltarmos a delinquir.
Os passatempos eram poucos e socorríamos de qualquer um que nos estivesse à mão. Era próprio do tempo e da idade. Por isso aceitávamos o tratamento de garotos. Aliás, não era um impropério, mas sim um substantivo carinhoso. Reflectia a nossa inimputabilidade.
Hoje quando ouço dizer são uns garotos e, isso não passa de garotadas, fico alarmado, porque as pessoas a quem é referido são chefes de família. Aqui, ao contrário de nós que nos iam acusar aos nossos pais, a estes, o único a quem nos podemos queixar é tão garoto como eles. 
Portanto nada me admira o uso e abuso do termo garoto a pessoas que já não são “garotas”. Porque as nossas garotadas não davam cabo da nossa comunidade muito menos do nosso País.
E garotadas como assistimos nestes três dias e, de certeza daqui para a frente, não são admissíveis num País com novecentos anos de existência. Como ancião que é merecia mais respeito mas, quando temos garotos à sua frente, só se pode esperar garotadas.      

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