Entramos no mês de Abril e como não podia deixar de ser o mês da
liberdade. Há meses que perpetuam para todo o sempre é o caso de Abril. Assim
como a Primavera que a poucos dias da sua entrada - vinte e um de Março - começa
a desabrochar as nossas plantas também Abril desabrochou consciências humanas
para a triste realidade portuguesa.
Estávamos fartos da vida que nos ofereciam. Miséria atrás de miséria.
Portugal estava amordaçado e a sua juventude sacrificada. A guerra ultramarina
a emigração fazia com que Portugal fosse um País de velhos.
Só que houve uma dúzia de capitães que se opôs esta triste sina. Em
Março de mil novecentos e setenta e quatro deram lugar a um golpe de estado.
Não correu bem e muitos deles foram presos. Mas não demoraria muito entrava o
mês de Abril. E assim como o desabrochar das plantas desabrochou Abril.
Foram libertados muitos presos políticos e vários cantores de intervenção que fugidos do País para não serem presos voltaram e fizeram a ouvir as suas canções de intervenção:
Foram libertados muitos presos políticos e vários cantores de intervenção que fugidos do País para não serem presos voltaram e fizeram a ouvir as suas canções de intervenção:
“Grândola Vila Morena”, “Trova do vento que passa”, “Pedra filosofal”, “Mudam-se
os tempos”, “Morte saiu à rua”, “Traz outro amigo também” e tantas outras.
Na poesia os poemas de Manuel Alegre:” Era um Abril de amigo Abril de
trigo / Abril de trevo e trégua e vinho e húmus / Abril de novos ritmos novos
rumos. / Era um Abril comigo Abril contigo / ainda só ardor e sem ardil / Abril
sem adjectivo Abril de Abril. / Era um Abril na praça Abril de massas / era um
Abril na rua Abril a rodos / Abril de sol que nasce para todos. / Abril de
vinho e sonho em nossas taças / era um Abril de clava Abril em acto / em mil
novecentos e setenta e quatro. / Era um Abril viril Abril tão bravo / Abril de
boca a abrir-se Abril palavra / esse Abril em que Abril se libertava. / Era um
Abril de clava Abril de cravo / Abril de mão na mão e sem fantasmas / esse
Abril em que Abril floriu nas armas”.
Assim como o poema que dou título ao texto e que publico do nosso
saudoso Ary dos Santos e tantos outros que contribuíram para que “ As portas
que Abril abriu, se abrissem de par em par.
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