Da minha geração quase toda. Podia haver um ou outro, de terras
isoladas, que nunca viram uma televisão até irem à tropa. Há um colega meu que
refere que um dia quando estava a dar instrução militar, era furriel miliciano, se falou de televisão e um soldado recruta desconhecia este evento. Estava-se
no ano de mil novecentos e sessenta e nove. A televisão teve a sua aparição em
Portugal no ano de mil novecentos e cinquenta e sete. Havia uma “porrada de anos” (doze) e ainda não tinha chegado aos lugares mais remotos de Portugal.
Ainda me lembro da sua chegada a Freamunde. Andávamos a brincar no
lugar do Calvário com o Eduardo Santos e o seu irmão Nani, quando este, nos disse
que o pai tinha comprado um rádio que se via as pessoas. Não acreditamos. Mas,
não tínhamos o Nani por mentiroso. Assim, um dia lá fomos ver o tal rádio para
ver se realmente mostrava pessoas. E, não era que mostrava mesmo!
Não sei se em Freamunde já havia algum. Para mim foi o primeiro. Ficamos
a ser uns assíduos frequentadores deste rádio se a autorização nos fosse dada
pela mãe do Eduardo e Nani.
Lembro-me do início da programação diária. Era a
partir das dezanove horas. Lá aparecia a imagem que ficou célebre na memória
dos portugueses e a sua música.
Eram vários os miúdos que ali compareciam para ver o tal fenómeno. Ali vi
vários programas infantis da época: Lassie, Rintintin e outros mais. Esperávamos
pelo dia seguinte para ver a sua continuação.
Hoje quase todas as casas têm uns
poucos de aparelhos de televisão. Sabe bem lembrar este símbolo e esses
tempos longínquos.
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