Quando se derruba algo - governos, direcções de clubes, edifícios e outros semelhantes - é porque se tem a certeza que se vai construir melhor. Se assim não for é deixar estar como está. Foi o que fizeram com o Governo do PS. A oposição só via o derrube do governo. Agora que estava em minoria tinha-se que derrubá-lo. Custasse o que custasse. E hoje verificamos que o custo foi enorme. Passos Coelho e Paulo Portas estavam ávidos pelo poder. Tudo o que fosse governo à que desacreditá-lo. Era no Serviço Nacional de Saúde, na Educação, Administração Interna, Segurança Social, Finanças um sem número de ministérios. Forçosamente tinha que ser derrubado. Não lhe dar mais oportunidades com um novo PEC. Essa espécie de Presidente da República e Oposição viram no chumbo do PEC a sua tábua de salvação. O pote ali tão perto porque não lhe deitar a mão.
Fazia lembrar a rábula de Ali Bábá e os quarenta ladrões só que aqui eram quatro – os Verdes não contavam – e assim a distribuição era melhor. Passos Coelho e a espécie de Presidente esfregavam as mãos porque iam conseguir o que nenhum social-democrata conseguiu incluindo Sá Carneiro: um presidente, um governo, uma maioria.
Passos Coelho via a hipótese de deixar de ser um escriturário do lixo e tornar-se num primeiro-ministro coisa que tinha jurado quando andava pela jota que ainda ia dar que falar. Houve um que desejava mostrar à família que era primeiro-ministro. Foi sol de pouca dura. Fugiu depressa.
Passos Coelho está a dar que falar e de que maneira. Tudo o que prometeu em campanha eleitoral – de certeza está a cumprir com o prometido aos amigos - não cumpriu com nada. Dizia que Sócrates era aldrabão mas ainda não apareceu na história da democracia, aldrabão maior. Também não tem jeito para fazer ou decidir nada. Em tudo que põe mãos o efeito desejado sai ao contrário. É um Eduardo sem mãos de tesoura.
Os outros dez ministros não sabem que ministérios ocupam.
Paulo Macedo em lugar de estar na saúde devia ocupar o da administração
interna. Tem apanhado mais infractores que Miguel Macedo. A da Justiça mais
parece uma espalha brasas. Marinho e Pinto diz que é uma barata tonta mas eu
acho o cognome de espalha brasas mais apropriado. Aonde vai ou se mete só faz
faísca. O da Defesa parece um segurança da espécie de Presidente: anda sempre
atrás dele. A da Agricultura deve ainda estar em Fátima porque não perdeu a fé
de vir a ser uma boa ministra: fisicamente é. O das Finanças se fosse padre,
ninguém ia assistir a uma missa celebrada por si porque nunca a acabava. O da
Segurança Social deixou a lambreta e agora está a cortar nos subsídios para
pagar o carro novo. O dos Negócios Estrangeiros é o mais esperto. Antes do País
rebentar anda a percorrer o mundo para ver onde vai pedir asilo. O dos Assuntos
Para Lamentar anda a preparar o que vai dizer à filha para ela ter orgulho
nele. Este é dos que semeia vento e colhe tempestades. Deixei para último o da
Economia. É o bobo da côrte. Acentuei com o acento circunflexo – embora com
erro – para não confundir com corte porque não faço esse juízo dele. Não sou
como Gaspar que lhe perguntou quais das três palavras que não percebeu: "não
há dinheiro".
Com um naipe assim, para não dizer outra coisa, o que
esperavam os portugueses. Vida fácil! Não se aperceberam que Passos Coelho
tinha de pagar os juros aos amigos. Quem se vê a ser nomeado para lugares de
relevo? Tanto pregou que não era sua intenção só dar emprego aos militantes do
PSD e é ver as nomeações no Diário da República. Dizia que devíamos ter
confiança. Sabe lá ele o que é a confiança.
Era uma vez… o Fogo, a Água e a Confiança.
Entraram numa floresta escura e o Fogo disse:
- Se eu me perder, procurem o fumo, pois onde há fumo há
fogo.
A Água disse:
- Se eu me perder, procurem a humidade, porque onde há
humidade há água.
Então a Confiança disse:
- Se eu me perder, não me procurem, pois uma vez perdida,
não me encontrarão mais.
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