Desde que me lembro Freamunde sempre celebrou as festas Sebastianas no 2.º fim-de-semana de Julho. Nesses tempos, nós crianças, ansiávamos por elas como de um bocado de broa se tratasse.
Era motivo para o nosso folguedo. Para a curiosidade de ver as barracas de diversão: carrinhos eléctricos, carrossel, ratinho da sorte, poço da morte, cestinhas, bilhar de matraquilhos, uma panóplia de diversões.
Mártir S. Sebastião - "Protector contra a peste, guerra e
fome"
Pena haver pouco poder de compra. Mas, por vontade imperativa, os artigos
não eram eternos, e lá vinha, um par de sapatos, para o mais velho, os que o
sucedia, ficavam com os que já não serviam por motivo de crescimento, um par de
calças, as outras já não suportavam mais remendos e “quadras”.
Também nos deliciávamos em ver a montagem dos arcos de iluminação.
Nesse tempo era à base de madeira e gazeta, as lâmpadas eram das grandes, a
tecnologia não tinha inventado as de pequenas proporções. Hoje tudo é
diferente. O consumismo revolucionou tudo. As festas passaram a ser uma fábrica
de negócios e as Sebastianas não fugiram a esta regra.
Os Freamundenses em tudo que se metem querem deixar o seu cunho e é por
isso que vale a pena o trabalho de trezentos e sessenta e cinco dias.
É na festa cristã e na profana. Os programas que fazem parte da semana
cultural - com a colaboração da A. C. R. Pedaços de Nós - o cartaz de
variedades, dos melhores que se vê pelo País, e de borla; a procissão ao Mártir
S. Sebastião, com duas horas de desfile com o trajecto por onde passa todo
“atapetado” com pétalas de flores, dá gosto ver, antes umas horas o seu arranjo
e na segunda-feira o desfile da marcha alegórica. Aqui vemos o trabalho de
meses, elaborado por vários grupos de voluntários, que abdicam das suas horas
de lazer e pô-las ao serviço da comunidade. Como disse são vários meses de
trabalho para serem consumidos em duas horas: é o tempo que medeia a sua passagem.
Mas, por Freamunde vale tudo. Gostamos de receber os forasteiros com a
maior dignidade e o nosso melhor. Por isso a azáfama de ter Freamunde vestido
com o seu melhor manto. Aqui não ficam as “peças mais velhas” para os mais
novos como refiro acima. Os tempos são outros e tudo tem de ser do melhor para
os forasteiros poderem apreciar e dizerem que vale a pena a vinda a Freamunde.
Por isso elogiam o nosso bairrismo. Dizem não compreender como uma
terra que não sendo concelho que vive das suas carolices e apresentam um cartaz
como são as festas Sebastianas. Respondemos: - com dedicação, orgulho e amor a
Freamunde.
Apareçam para comprovar.
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