Desembarcamos na manhã de vinte e seis de Abril, havia muita gente à espera da chegada do Vera Cruz. Não estava nenhum meu conhecido, era habitual, soldados que cumpriam o serviço militar em Luanda irem esperar os amigos para saberem novidades da terra. Eu tinha vários mas nenhum apareceu.
Ao outro dia à tardinha apareceu o Henrique Costa, meu colega - nascemos no mesmo dia, vinte e oito de Janeiro, mas em anos diferentes, ele em mil novecentos e quarenta e sete eu quarenta e nove - soldado mecânico, que cumpriu todo o serviço militar no quartel do ASMA, em Luanda. Levava-lhe uma lembrança dos pais, quinhentos escudos e um pacote de amêndoas, a Páscoa tinha sido no dia onze.
Nessa noite saímos, fomos jantar à churrasqueira Alvalade ele queria pagar não o deixei, tinha ganho muito dinheiro à batota. Convidou-me para ir às prostitutas ao bairro de S. Paulo, disse-lhe que tinha medo. O capitão da minha companhia avisou-nos que nos bairros de noite era muito perigoso, por não conhecermos nada. Disse para fazer confiança que conhecia Luanda como as palmas das mãos. Acabei por ir, o desejo era muito.
Ao outro dia voltamos a encontrar-nos e levou-me ao hospital militar de Luanda, visitar o Ernesto Pereira, Furriel miliciano, estava ali internado, tinha partido um braço a jogar futebol em Zala. Estava bastante magro. Ficamos contentes por nos encontrar, éramos os três, colegas de brincadeira e de futebol na nossa terra e no nosso Freamunde. Perguntou-me para onde ia. Disse-lhe que ia para Balacende. Fez má cara. Mas, não me disse nada.
O Henrique Costa levou-me a casa do Abílio (Rangel) meu amigo e amigo de meus pais que me convidou a pernoitar em casa dele, em Vila Alice, - atrás do cinema Império - o que aceitei. No Grafanil dormíamos numas tarimbas, os colchões eram de colmo (palha) e estavam cheios de percevejos, optei por ficar em casa do Abílio. No dia três de Maio despedi-me dele e da esposa, ao outro dia de manhã partia para a zona dos Dembos (Balacende).
Continua
Olá Pacheco: tens um blog de fazer inveja a muita gente, ao escreveres sobre a tua terra chegas a interrogar-te se alguém visitará o teu magnifico trabalho no blog, e realmente as visias são injustificavelmente e incomprensivelmente nulas, tens que divulgar mais o teu trabalho, mereces tu e todos os freamundenses.
ResponderEliminarMas não vim aqui falar de freamunde que a mim não me diz nada, só te visitei por mero acaso de pesquisa, e não é que desenvolves tambem um belo trabalho a nivel de Balacende! estás a ficar naturalmente curioso quem sou eu, olha fui teu camarada de armas em Angola, alíás já em Campolide fomos Camaradas a aprender o alfabetico fonético; em Angola eu era cabo de transmissões precisamente na C.3340 em Quicabo, com certeza que não te lembras de mim, mas eu de ti lembro-me e bem, meu nome de guerra era Forte mais concretamente Abel Forte. Escreve na nete este nome e vês algo mais sobre o nosso batalhão, até uma proxima e até lá um abraço.
Há gralhas no meu 1º comentário como Freamunde com letra minúscula e erro na palavra visitas, e minuscula tambem em Freamundenses,sabes é o sono porque estou a escrever já de madrugada, já que falei em madrugada já passei algumas madrugadas nas tão famosas sete curvas aquelas a que te referes e que tu e eu sabemos onde ficam, era quando faziamos guarnição aos homens da JAEA, aquando o asfaltamento da picada de Quicabo/Balacende, mesmo sendo 1º cabo fiz isto.
ResponderEliminarAbel:
ResponderEliminarSabe bem vir ao blogue e ver comentários de pessoas que passaram as mesmas privações. Não estou a ver quem és, mas sabes, estavas um pouco distantes e a convivência era pouca ou nenhuma.
Cheguei a ir a alguns encontros do Batalhão mas, da minha Companhia, iam poucos e resolveu-se fazer encontros da Companhia o que acontece uma vez por ano. Os poucos que iam começaram a ser criticados por fazermos encontros e a maioria não ir. Como sabes quem viveu isolado como a Companhia 3341 e 3342 não ficaram laços de amizade.
Comecei com este blogue porque fui incentivado pelo dono do blogue Aspirina B. Comecei a mandar uns textos, entre eles, da minha partida para Angola e fui aconselhado a fazer um blogue. Percebia e percebo pouco de blogues mas lá me vou desenrascando. A maioria a falar de mim e da minha terra, que muito gosto.
Vou ver se continuo com este blogue e a finalidade é de deixar algo escrito para daqui a uns anos os meus bisnetos, se os vier a ter, verem a vida do seu bisavô.
Fui à internet e vi o blogue do Batalhão. De vez em quando vou ali para me inteirar de algo. Também cliquei no teu nome e apareceu algo em inglês o que não soube ler, leio o português e já não é mau.
Cumprimentos e aparece sempre.
Claramente que se compreende na tua memoria eu estar apagado, ao fim de nuitos anos tudo se apaga.
ResponderEliminarO que nunca se apaga são as memorias do que passamos juntos apesar da distancia das nossas companhias fosse em Balacende fosse em Quicabo ou na M. Fernanda.
Tenho visitado o teu trabalho nas tuas paginas e penso que como descreves-te a tua vida noutra fase tens capacidade para contar mais coisas da vida militar, coisas que deveriam ficar para a posteridade, vamos a isso.
Cumprimentos.