Rádio Freamunde

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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Capitulo X


Na segunda-feira ultimam-se os preparativos sem antes se dar início à garraiada. É, solto dentro do recinto um touro de pequena estatura para divertimento dos mais audazes e protegidos pelo redondel, ali se digladiarem. Aqui existem umas árvores “Plátanos” que serve de protecção aos “toureiros” sem contudo, alguns a fugir do touro - para não levar uma marrada - vão contra elas, o que não sei se seria melhor a marrada. No final foi oferecido um prémio monetário aos destemidos que fizerem as pegas.
Acabada a garraiada tem que se dar início à recepção dos grupos de Zé-pereiras, bombos, ranchos, grupos de samba, a deslocação dos carros alegóricos, para onde se vai dar início a marcha alegórica.
“De segunda para terça-feira, logo de manhã, é uma azáfama com os últimos preparativos para a marcha alegórica. Sempre para cima de dez carros alegóricos, uns com criticas à autarquia, outros a acontecimentos municipais e nacionais, passando também pelo desporto. Dezenas de grupos de samba, contratados em Ovar, local de samba no norte do País. Grupos esses incorporados por jovens, que dão um brilhantismo às marchas e que deliciam os espectadores que também colaboram, dançando. 
Os grupos de bombos, coitados, de tanto intercederem ao pedido dos foliões, do seu corpo só brota suor e das suas mãos algum sangue. Vêm quase de graça, não há dinheiro que pague tanto cansaço e paciência, mas sem eles as marchas não eram o que são”.
Cada festeiro tinha a sua escala de serviço. A mim tocou-me dois grupos de samba - que me acompanharam para os balneários do Sport Clube de Freamunde, para ali se ultimarem. A outros, grupos de Zé-pereiras, bombos e ranchos. A marcha tinha a sua saída para as vinte e três horas e trinta minutos. Antes tinha início uma sessão de fogo-de-artifício.
Nestes eventos de grandes proporções nunca se é pontual. Há sempre qualquer coisa que falha.
Deu-se início. No itinerário por onde passava a marcha alegórica eram milhares e milhares de foliões. Seguia na frente e fiquei impressionado com esta situação. Os grupos de gigantones e cabeçudos lá iam rompendo com grande custo e com a ajuda da Guarda Nacional Republicana que para este efeito é requisitada. A marcha alegórica tem um percurso de cerca de dois quilómetros e demora umas três horas a sua passagem.
“De sexta a segunda, sem parar para dormir ou descansar, Freamunde vibra ao som dos bombos e das caixas, num rufar contínuo e bárbaro de quem festeja tudo de uma vez. A solidariedade é total, todos falam com todos, grupos de percussionistas cruzam-se sem alterar o ritmo que tocam, batem com cada vez mais força impressionando com a resistência das peles e o vigor dos braços que as atinge através de um redondo macete. Há lojas que durante estes dias alugam bombos e caixas para os foliões poderem fazer o máximo de barulho”.
Continua

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