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segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

O tráfego na cidade de Caracas:

É muitas vezes uma verdadeira dor de cabeça para os automobilistas que tentam cruzar a capital venezuelana. Nesses momentos, a opção por um mototáxi pode ser a solução mais rápida. É sentado numa motorizada que encontramos a única pessoa que, até ao momento, assumiu à TSF compreender o bloqueio naval dos Estados Unidos. Sem querer dar o nome verdadeiro, este condutor justificou a decisão de Washington com a "indemnização insuficiente" que Hugo Chávez teria dado às empresas petrolíferas norte-americanas que operavam no país. Contudo, em vários dias de entrevistas e reportagens em Caracas, entre apoiantes e opositores do Governo de diversas categorias profissionais e de diferentes zonas da cidade parece haver uma unanimidade em torno da rejeição aos ataques a embarcações, ao bloqueio naval e até a uma eventual invasão.
No centro de Caracas, no Parque Central, à frente de uma histórica taberna, António, emigrante português há quatro décadas na Venezuela, assume ter sido apoiante de Hugo Chávez, embora não se identifique com Nicolás Maduro. Originário do Porto, rejeita, ainda assim, qualquer intervenção dos Estados Unidos contra a Venezuela. Enquanto serve ao balcão, explica que este ano não pôde passar o Natal em família em Portugal devido às pressões da Administração Trump sobre as companhias aéreas.
Por sua vez, o português Ricardo Vaz considera que esta é a "ameaça mais séria" que a "revolução bolivariana" sofre desde 1999. Enumerando várias tentativas de golpe e sanções, este jornalista a viver há oito anos em Caracas diz que a maior mobilização militar dos Estados Unidos nas Caraíbas pode ter consequências graves para os comerciantes portugueses no país. "Mesmo que nos últimos anos, a partir de 2021, tenha havido, ao nível macroeconómico, uma recuperação, a economia continua muito instável, continua com problemas estruturais. O Governo tem muita dificuldade em reagir, por exemplo, à especulação", explica.
Caça ao petróleo
Uma semana depois de anunciar um bloqueio naval contra a Venezuela, Washington conta já com a captura de três petroleiros. Apesar de o petróleo venezuelano ter sido nacionalizado há mais de meio século, bem antes de Hugo Chávez chegar ao poder, Donald Trump condenou aquilo que considerou ter sido um roubo dessa matéria-prima ao seu país. A caça aberta aos recursos da Venezuela começou com a interceção do cargueiro Skipper no dia 10, em frente à costa venezuelana, numa abordagem que levou Nicolás Maduro a considerar que a pirataria havia regressado às águas das Caraíbas. Com duas décadas de navegação, este navio, da Triton Navigation Corp., levava pavilhão da Guiana e estava debaixo de sanções dos Estados Unidos desde há três anos. Transportava a bordo 1,8 milhões de barris de crude e terá sido levado para Galveston, no Texas.
Contudo, no domingo, antes de o tentarem capturar, sem sucesso, o petroleiro Bella 1, também sujeito a sanções, que viajava na direção da Venezuela com bandeira panamenha, os Estados Unidos capturaram, no sábado, o cargueiro Centuries, também de bandeira panamenha e propriedade de um comerciante de petróleo com sede na China - que não estava sujeito a quaisquer sanções.
Recentemente, Donald Trump, 'autocandidato' ao Nobel da Paz, decidiu que o secretário da Defesa norte-americano se chamasse secretário da Guerra e lançou uma vaga de ataques aéreos contra embarcações ao largo da Venezuela e da Colômbia, já condenados pelo alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, que os considerou "inaceitáveis".
Se esta operação contra lanchas com supostos narcotraficantes - que provocou a morte de uma centena de tripulantes - começou com a alegação de que Nicolás Maduro encabeça um cartel de droga e que a Venezuela representa uma ameaça para os Estados Unidos, agora Donald Trump fala cada vez menos do narcotráfico e cada vez mais de petróleo.

em https://www.tsf.pt/.../estados-unidos-a-caca-de.../18033074

Bruno Carvalho 

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