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sábado, 27 de dezembro de 2025

Maravilhas do raciocínio motivado:

«Não tem por isso razão o Presidente quando afirma que Portugal "ficará bem servido, seja qual for a escolha" para seu sucessor. Há um motivo político: em quase todos os momentos cruciais, o Presidente raramente nos falhou. Aliás, quando estão ameaçados valores civilizacionais que são fundamentos do regime, Marcelo não foi de tibiezas e não hesitou na defesa da decência, do vínculo democrático e do respeito pelo outro. Uma postura que contrasta com a timidez substantiva e o tacticismo dos atuais candidatos a Belém.»

Pedro Adão e Silva

Sou fã do Pedro, daí ficar atordoado com aquilo que é tecnicamente uma alucinação sem defesa possível. A citação ilustra o essencial do seu panegírico, havendo mais enormidades no texto completo. Quem mais viu este Marcelo que “raramente nos falhou”? Os 10 euros que tenho no bolso como mais ninguém de ninguém.

Não se sabe quais são os pressupostos da prosa, quais os “momentos cruciais” convocados, que “valores civilizacionais” estão a servir de bitola. Talvez o Pedro apresentasse argumentos que tivessem algum mérito. Ficando tudo isto oculto na subjectividade do autor, o discurso esgota-se no inevitável absurdo. Marcelo iniciou o seu primeiro mandato ainda sem Ventura e sem Chega e vai terminá-lo com a Justiça enterrada em escândalos sucessivos, sistémicos e violadores do Estado de direito democrático pela prática de crimes e pela interferência golpista na soberania política.

Nos 10 anos em que pôde influenciar o regime, o sistema partidário e a comunidade, jamais se ouviu a Marcelo uma singular palavra acerca dos perigos do populismo de extrema-direita ou acerca das disfunções e atentados originados na Justiça. Algo espantoso, visto estarmos perante uma das mais qualificadas mentes portuguesas no campo da jurisprudência – que o mesmo é dizer, da Constituição e dos tais “valores civilizacionais” que nos permitem viver em paz uns com os outros e ter direito à dignidade e à liberdade. Népias. Mas palavras contra os Governos de Costa, contra os governantes socialistas, contra o carácter de Costa, isso não faltou. Numa oposição ilegítima que só descansou após ter sido cúmplice de um golpe de Estado.

Se calhar, a recuperação do patriotismo para o Palácio de Belém passará mesmo por colocar lá quem garanta uma “timidez substantiva”.

 por Valupi

Do blogue Aspirina B

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