Ontem, no Primeiro Jornal da SIC, assistiu-se a algo raro: uma lição pública de humanidade O Prof. Dr. Eduardo Barroso - humanista, médico, Homem do Renascimento - contou que operou um homem negro, imigrante ilegal, mesmo depois de o terem avisado, minutos antes da cirurgia, da situação irregular do paciente.
Não hesitou. Não calculou. Não recuou.
Escolheu a Vida.
Escolheu o Dever.
Escolheu a Humanidade.
E depois lançou um desafio - subtil, mas inconfundível - ao “candidato a Presidente” cuja retórica diariamente atiça o medo e a divisão.
Com ironia nos olhos e escárnio suave na voz, perguntou o que ele teria feito no seu lugar.
A resposta sabe-a o país inteiro.
Porque há quem fale de pessoas… e há quem cuide delas.
Erasmo de Roterdão, no Elogio da Loucura, descreveu “macacos vestidos de púrpura e asnos vestidos com pele de leão”.
Dos provérbios fez verdade universal: os néscios, os cobardes e os imaturos escondem-se
atrás de roupas, títulos ou bravatas para parecerem aquilo que não são (v.g. candidatos, credíveis e idóneos, à Presidência da República).
Difícil não reconhecer aqui o nosso Andrezito-aspirante-a-Líder-Iluminado, eterno fabricante de indignações instantâneas que confunde ódio com coragem e volume com substância.
O “Andrezito” não é nada do que propala. O pequeno André é nada!
Lembrei-me de uma frase de Shmarya Levin que li nas memórias de Golda Meir - mulher que enfrentou fanáticos bem mais perigosos do que o nosso Andrezito e as suas cruzadas performativas: “Tenho uma moral fantástica para uma Fábula. Já só me falta a Fábula.”
Nunca uma descrição encaixou tão bem na narrativa raivosa que Ventura tenta vender ao
país.
Moral fabricada - fábula falida - coragem de papel, discursos que desabam ao primeiro contacto com a realidade - especialmente quando essa realidade tem rosto, corpo e necessidade, como o homem que Eduardo Barroso salvou.
É assim que se combate o que de nefasto o Chega representa:
não descendo ao esgoto moral,
não replicando o ruído,
mas contrapondo coragem com dignidade, ética com serenidade, humanismo com grandeza.
Eduardo Barroso mostrou-o sem manifestos, sem comícios, sem slogans:
apenas fazendo o que os grandes fazem - olhando para uma vida humana e vendo… uma vida humana.
Bravo, Prof. Dr. Eduardo Barroso!
Que este exemplo inspire muitos.
Que nos lembre que a excelência cívica não se proclama - pratica-se.
@highlight
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