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terça-feira, 7 de outubro de 2025

POSTAL DO DIA Leão XIV faz-me rezar por Francisco:



1.

Tinha muitas expetativas.
O meu coração estava cheio de otimismo sobre o sucessor do Papa Francisco.
Cheguei aqui a escrever que sim…
… que me parecia que o seu percurso o aproximava do que a Igreja não poderia perder nestes tempos de cólera: a empatia, a proximidade, o culto do despojamento, o risco de assumir posições quando se trata de definir de que lado se está.
Se no dos que sofrem ou dos que fazem sofrer, se no lado dos piedosos ou do lado dos gananciosos, se do lado da caridade ou do lado do egocentrismo, se do lado da inquietação ou do lado da ostentação.
2.
Infelizmente, não tinha razão.
O Papa Leão XIV não é próximo de Francisco no que em Francisco era substancial.
Onde um era mundo, o outro é Vaticano
Onde um era coragem, o outro é prudência.
Onde um era empatia, o outro é distância.
Onde um era esperança, o outro é resignação.
Onde um era palavra, o outro é lugar-comum.
3.
É uma enorme desilusão.
Corporizada na sua declaração titubeante sobre a Palestina.
Onde lhe perguntam se o Vaticano define o que Israel está a fazer como genocídio, ele responde sem responder, responde com um redondo vocábulo, como se fosse um político quando não quer dizer nada.
E em todas as outras perguntas que lhe fazem, até sobre algumas sementes deixadas por Francisco, é a mesma coisa.
Que sim e que não.
Que não e que sim.
Como a minha avó dizia dá a volta ao bilhar grande para ir parar ao mesmo sítio.
4.
Não me entendas mal.
Não acho que devesse defender que o Vaticano acredita ser um genocídio o que se está a passar em Gaza e na Cisjordânia.
Acredito que deveria apenas ter dito o essencial – que isso são definições das instituições políticas e humanitárias, que a Igreja é um outro lugar, mas que aquilo que está a acontecer, genocídio ou não, é a prova de que o Mal deve ser travado, que cada criança morta, estropiada, que cada mulher esventrada, que cada bomba indiscriminada, que cada morto palestiniano vale o mesmo par Deus que um morto israelita, que cada deserdado e humilhado muçulmano vale o mesmo para Deus do que qualquer deserdado ou humilhado cristão.
Para Deus, ser genocídio é indiferente.
O que não é indiferente é que existam seres humanos que matam indiscriminadamente, que assassinam crianças, que rebentam com a esperança de podermos ter futuro.
O que não é indiferente é existirem políticos que parecem ter feito um pacto com o Diabo.
Gente que é o Mal.
Este Papa não é o Papa que o mundo precisava.
É um chefe de Estado igual a qualquer outro.
Encontro Deus em vários lugares da igreja, em várias pessoas, projetos, ambições.
Peço imensa desculpa, mas não o E’ncontro ali.
LO

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