O acidente com o elevador da Calçada da Glória, que deixou várias vítimas — muitas delas turistas de diferentes nacionalidades — não foi apenas um episódio local. Teve repercussão internacional, manchando a imagem de Lisboa como cidade segura e bem gerida. Era, portanto, um momento que exigia responsabilidade, transparência e liderança firme por parte dos responsáveis políticos. Em vez disso, assistimos a um espetáculo de oportunismo protagonizado por Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
De todos os intervenientes políticos, foi Moedas o único que tentou capitalizar politicamente sobre o acidente. Fez-se convidar para um Conselho de Ministros onde nada havia a decidir sobre o sucedido, numa manobra que parece mais destinada a alimentar manchetes do que a resolver problemas. A sua presença não trouxe esclarecimentos, soluções ou medidas concretas — apenas mais ruído mediático. Depois passeou-se com Marcelo e Montenegro pelo cenário da tragédia seguida da absurda missa em que teve a oportunidade de assumir a pose compungida, que julga garantir-lhe votos nas temidas eleições, não só pelo pífio legado deixado a quem vier a seguir, mas sobretudo por quanto pode significar o seu definitivo ocaso politico.
Este comportamento contrasta com a postura que o próprio Moedas adotou no passado. Foi célere, quase impaciente, a exigir a demissão de Fernando Medina por motivo fútil, desproporcionado. Agora, perante um acidente grave envolvendo uma empresa sob a sua tutela, não aplica a mesma bitola. Não há pedidos de demissão, não há assunção de responsabilidade — apenas silêncio e encenações.
Mais grave ainda é a tentativa de se colocar no papel de vítima. Em vez de prestar contas, Moedas aparece a "exigir respostas", como se fosse um mero espectador e não o presidente da autarquia responsável. Essa inversão de papéis é não só desonesta como profundamente reveladora: quem deveria estar a averiguar e esclarecer é precisamente quem se escuda atrás de indignações encenadas.
Carlos Moedas, homem de pequena estatura física, revela ser ainda menor na estatura moral. A liderança exige coragem, transparência e responsabilidade — não encenações, fugas e oportunismo. Lisboa merece mais do que um presidente que se esconde quando devia enfrentar.
Publicada por jorge rocha
Do blogue Ventos Semeados
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