Rádio Freamunde

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sábado, 31 de maio de 2025

“O Goebbels desta mer**”. Bugalho apanhado a comparar-se ao ministro de propaganda de Hitler:

(Adriana Peixoto, in Notícias ZAP, 29/05/2025)

Sebastião Bugalho na Universidade de Verão do PSD

As escutas da Operação Tutti-Frutti indiciam uma relação próxima entre Sebastião Bugalho e várias figuras do PSD, com o então jornalista a usar o seu trabalho para favorecer o partido e até a comparar-se a um ministro nazi.

Sebastião Bugalho, atualmente eurodeputado do PSD e antigo jornalista, foi apanhado em dezenas de escutas telefónicas da Operação Tutti-Frutti, entre 2017 e 2018. As conversas revelam uma estreita ligação com os ex-deputados sociais-democratas Carlos Eduardo Reis e Sérgio Azevedo, principais arguidos no processo que investiga crimes como corrupção, fraude e branqueamento de capitais.

De acordo com a revista Sábado, Bugalho e Carlos Eduardo Reis são ouvidos a tratar-se por “primo”, embora não tenham qualquer relação familiar. Apesar de Bugalho não ser arguido no processo, o Ministério Público considera que existiu “proximidade” e que o eurodeputado terá usado o seu trabalho como jornalista para favorecer os interesses do PSD.

Um caso emblemático ocorreu em 2017, quando Bugalho entrevistou Luís Newton, presidente da Junta de Freguesia da Estrela, também arguido no processo. A entrevista foi editada por Sérgio Azevedo, que chegou a apontar cortes e retoques favoráveis ao autarca.

Nas conversas telefónicas, Bugalho admitiu ter cortado elogios de Newton a António Costa porque este “até parecia um gajo do PS”. “Tás a ficar um profissional”, elogiou Sérgio Azevedo, que lhe prometeu o cargo de “ministro da propaganda” num futuro governo, ao que Bugalho responde com uma comparação com Joseph Goebbels, o ministro de propaganda do regime nazi de Hitler. “O Goebbels desta merda”, concordou Azevedo.

O nome de Sebastião Bugalho entrou na investigação logo no início devido à sua entrevista a André Ventura, então candidato do PSD à Câmara de Loures. Essa entrevista, também preparada com a ajuda de figuras do PSD, abordava as polémicas declarações de Ventura sobre os ciganos. Em conversa com Bugalho, Sérgio Azevedo afirma que criou “um Frankenstein” devido à popularidade de Ventura com eleitores de vários partidos.

As escutas também mostram Bugalho a dizer a Carlos Eduardo Reis para não responder às notícias sobre as suspeitas de a sua empresa ter beneficiado de contratos fraudulentos com a Junta da Estrela, incluindo negócios com a mulher do ex-ministro Miguel Relvas. “Ignora, senão levas com mais fogo”, aconselhou.

Outro episódio envolve Jorge Bacelar Gouveia, professor de Direito Constitucional. Sérgio Azevedo pretendia que Gouveia fosse nomeado Provedor de Justiça e articulou com Bugalho uma entrevista para o jornal Sol para promover a imagem do académico.

Os alegados favores de Bugalho ao PSD quando era jornalista contrastam com as declarações públicas do eurodeputado após as últimas eleições. Enquanto comentador na noite eleitoral, Bugalho considerou “humilhante para as televisões” o contraste entre as escolhas do eleitorado e as análises dos comentadores. Dias depois, no podcast Expresso da Manhã, Bugalho voltou a atacar a comunicação social e o seu “ativismo da investigação”.

Em resposta à Sábado, Bugalho garante nunca ter tido “qualquer relação profissional ou transacional com qualquer um dos visados” na Operação Tutti-Frutti.

Fonte aqui

Do blogue Estátua de Sal 

Português de lei:


Fernando Venâncio (1944-2025)

O Fernando deu-nos a honra, e o subido prazer, de fazer parte do Aspirina B. A história dessa história, começada antes do começo deste pardieiro, algures nos finais de 2004, está contada aqui: O Fernando, o Jorge e o blogodrama

Não sou amigo dele, não o conhecia. Mas vim a conhecê-lo, ficámos amigos. Não há neste testemunho contradição, houve felicidade.

Para além da língua portuguesa, a sua amada Galiza também está de luto.

 por Valupi

Do blogue Aspirina B

Marcelo PR, o primeiro “telepopulista” a sério em Portugal:

(Alfredo Barroso, in Facebook, 30/05/2025)

O “beijoqueiro” em acção… 🙂

Marcelo PR, o primeiro “telepopulista” a sério em Portugal e criador do caos onde irrompeu outro bem mais perigoso…

O ‘telepopulismo” irrompeu a toda a força em Portugal com a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República. Ao pôr em prática aquilo a que chamou «política de afetos» – à falta de melhor criatividade, e de um módico de consistência e de substância políticas –, Marcelo PR tinha absoluta necessidade das televisões para explicar o que era, e para praticar, essa «política de afetos».

Consistia esta, essencialmente, em beijar, abraçar e em tirar ele próprio retratos (as famosas “selfies”) a todo o «bicho careta» que se acercasse dele, a quem passava a mão p’lo pelo e transmitia palavras, expressões teatrais, gestos de carinho, simpatia e solidariedade – e sobretudo de caridade beata – por aí se ficando, assim cumprida plenamente, aliás, superficialmente, a função de mera propaganda política e de satisfação da sua vaidade pessoal.

Marcelo PR fez durar a coisa o tempo suficiente para ser reeleito, ainda que com resultados bem aquém do que ele esperava obter. Mas o que mais o incomodou na primeira vez que decidiu dissolver a Assembleia da República, foi a maioria absoluta obtida pelo PS de António Costa, que lhe retirava o protagonismo. Por isso ameaçou logo – caso inédito e totalmente abusivo – que tal maioria só duraria enquanto Costa fosse Primeiro-ministro, ameaça que “caiu como sopa no mel” quando uma matrona PGR, para esquecer, aceitou referir que Costa também vinha ao caso, ainda que “à vol d’oiseau”, numa “investigação” em curso do Ministério Público.

Depois de balbuciar alguns protestos, dizendo que se demitia, mas que o PR devia convidar outro socialista pra o substituir, Costa “raspou-se” com grande ligeireza, para ir constituir em Bruxelas um triunvirato com duas fanáticas belicistas que muitíssimo mal têm feito à União Europeia, mergulhada numa guerra indireta contra a Federação Russa, na qual está empenhado um “clown”, o ucraniano Volodymyr Zelensky, político narcisista e oportunista altamente suspeito de corrupção (ver “Pandora Papers”) e grande protetor dos grupos armados neonazis entretanto incorporados no seu exército.

Cá pela pátria ficou Marcelo PR a “protagonizar”, como ele tanto gosta e já tardava. Mas bem depressa se pôs a dissolver, por mais duas vezes, a Assembleia da República, pondo o seu partido, o PPD-PSD, no poder, todavia disfarçado de AD e com um governo minoritário, e ao mesmo tempo dando um enorme impulso a um partido de extrema-direita, o CHEGA, que logrou obter 50 deputados em 2024, e 60 deputados em 2025, sob a liderança de um “telepopulista”, André Ventura, sem dúvida muito mais eficaz politicamente, e bastante mais perigoso, do que Marcelo PR…

Do blogue Estátua de Sal 

sexta-feira, 30 de maio de 2025

A narrativa ocidental desmorona-se:

 (Pascal Lottaz, in Resistir, 30/05/2025)


A “verdade” divulgada pelos meios de comunicação ocidentais está a desmoronar-se sob a pressão de meios de comunicação e investigadores independentes, documentos filtrados e a realidade vivida.


Durante décadas, o Ocidente controlou a narrativa. As guerras foram disfarçadas com a linguagem da liberdade, as invasões foram vendidas como missões humanitárias, o público recebeu nobres mentiras disfarçadas de patriotismo e um sofisticado embrulho mediático. Mas essa era está a chegar ao fim. À medida que rachaduras se abrem no panorama mediático ocidental, as elites entram em pânico, não porque perderam as suas bombas, mas porque estão a perder a narrativa. E sem a narrativa, o império desmorona-se.

Continuar a ler o artigo completo aqui.

Do blogue Estátua de Sal

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Um partido mole perante tantos feios, porcos e maus?


1. Disse-o Pacheco Pereira na CNN que, quando perde eleições, o Partido Socialista escolhe tendencialmente uma liderança mole.

É isso mesmo que representa a anunciada pretensão de José Luís Carneiro para vestir esse fato e dar continuidade à tradição. O que, para mim, militante socialista com quase quarenta anos de ligação ao partido, é lamentável. A começar pelo facto dele não se medir convenientemente e não perceber que não tem as características adequadas para ser bem sucedido.

Numa altura em que o marketing é tão importante para o sucesso politico, José Luis Carneiro é um óbvio erro de casting, como o foi António José Seguro. Já para não falar do seu pensamento ideológico, muito pouco social-democrata e muito menos socialista!

O que significa isto: agora a vida pessoal não me permite fazer militância ativa (essa é toda dedicada aos cuidados a dar à minha cara metade numa fase da vida em que ela precisa de mim vinte e quatro horas por dia!), mas estivéssemos ambos na nossa mais pujante condição decerto não dedicaríamos sequer um minuto para ajudar este que nunca será o meu líder!

A liderança melhor sucedida do PS seguirá dentro de momentos depois de mais um lamentável intervalo!

2. Noutro programa da noite Susana Peralta deu explicação alternativa para as crises de André Ventura. Em vez da ideia mais comum de risível farsa teatral ele terá simplesmente mordido a língua e despoletado todo o veneno, que se lhe associa à composição da saliva.

Tanto bastou para que, aqueles em tempos definidos por Ettore Scola como feios, porcos e maus, se tenham compadecido e apoiado com o seu voto, quando já estavam embalados pela patética banha da cobra.

3. E se comecei com Pacheco Pereira com ele termino, porque é verosímil o que prognostica: depois de ter agido com objetivos eleitorais no último ano a AD já não dispõe da herança deixada por Medina para distribui-la insensatamente por quem mais vociferara contra o governo de António Costa. Sem dinheiro a rodos nos cofres não terá meios de prosseguir nessa ilusão para uns quantos e enfrentará o desequilíbrio das contas públicas, que a levará a apertar o cinto.

As cenas dos próximos capítulos na (des)governação de Montenegro não prometem ser tranquilas. E, digo-o eu, terão de ser as esquerdas a voltar a enfrentar o boi pelos cornos, não deixando que sejam os fascistas a aproveitarem-se da agravada crise social. 

O meu partido também ganhou as eleições: cresceu meio milhão de votos:

 (Zé Oliveira Vidal, in Estátua de Sal, 26/05/2025, revisão da Estátua)

Imagem gerada por Inteligência Artificial

(Este artigo resulta de um comentário a um texto do Carlos Esperança que publicámos sobre o futuro do PS no pós eleições de 18 de maio, (ver aqui). Pela sua acutilância na defesa de algumas verdades incómodas – e por isso mesmo sempre polémicas -, resolvi dar-lhe destaque.

Estátua de Sal, 26/05/2025)

O PS francês morreu pelas mesmas razões que levam à morte do PS português, que é algo que já previ há uma década: o PS transformou-se num P”S”, i.e. num partido sem qualquer representatividade de quem trabalha, num partido nem sequer social-democracia, quanto mais com algum pingo de socialismo. Tal como em França, primeiro mataram o socialismo, depois exterminaram a social-democracia, e a seguir, só quando o partido deixou de ter eleitores é que exclamaram: “Ah, que desilusão, e agora quem combate a Direita?”.

Mas de exclamações parvas feitas por parvos já estou eu farto. Em França o eleitorado não está dividido apenas entre a direita (Macron, neoliberal pinochetista que deu a estocada final dentro do P”S” francês) e a extrema-direita. Em França, o eleitorado divide-se entre em três grandes grupos, que competem pela vitória eleitoral nas presidenciais e legislativas:

  1. Uma coligação de forças antifascistas de diferentes sectores, a France Insoumise de Mélenchon reúne forças comunistas, socialistas, sociais-democratas, e Verdes, uns mais eurocéticos e outros mais europeístas, uns mais críticos da criminosa NATO e outros mais cúmplices.
  2. Os neoliberais que fazem de conta que são democráticos e moderados, liderados pelo Macron, um mero capataz dos banksters e oligarcas franceses.
  3. E uma direita de Le Pen que pelo seu discurso atrativo antissistema reúne conservadores e patriotas (nada de mal aqui, bem pelo contrário), mas também é o local onde votam nacionalistas, fascistas e racistas.

Em Portugal esta divisão existe de forma igual do ponto de vista ideológico, mas não do ponto de vista das proporções.

  1. A esquerda é só cerca de 10%, do PCP, BE e Livre, e pior: nem sequer uma coligação tem capacidade para fazer como em França.
  2. Os neoliberais pinochetistas e traidores do país (e em particular dos trabalhadores) são o PAN, PS, PSD, CDS, e IL, num total que continua há décadas acima dos 60%, e é a causa do estado a que isto chegou.
  3. E o Chega, que tem o mesmo perfil do RN da Le Pen, com uma nuance: em Portugal não há patriotismo, e a propaganda da NATO/EUA penetra mais de 95% das pobres e indefesas mentes do ignorantíssimo eleitorado português.

O povo em França já viu qual é o problema; o Macron e a fação neoliberal pinochetista e traidora já só tem 15% de aprovação e semelhante votação – e nas eleições europeias, e na primeira volta das presidenciais fica pouco acima disso.

As chantagens do tipo “ai a extrema-esquerda” e “ai a extrema-direita” cada vez enganam menos pessoas, e pouco tempo faltará para a França se ver livre do problema, pois já faltou mais para se ver umas eleições presidenciais onde os dois mais votados (que passam à segunda volta, disputam a presidência, e passam como favoritos à chamada “terceira volta” que são as legislativas francesas) serão a esquerda mais o centro antifascista e a direita patriota nacionalista. Nesse momento, será o momento da verdade para a França: trocar o problema (neoliberais) por uma solução (Mélenchon) ou por um problema de cor diferente (Le Pen)?

Ora, em Portugal, o povinho ignorante continua a dar uma maioria de dois terços ao problema: PAN + PS + PSD + CDS + IL. Enquanto assim for, o Chega continuará a subir, de eleição para eleição. Já a esquerda antifascista (que reúne os anti UE do PCP, os Eurocéticos que já há várias eleições deixaram de votar no BE, os Euro-resignados que foram votando na Mortágua, e os Euro-iludidos do Livre) vai continuar abaixo dos 15%, como tem sido hábito. A exceção foram as eleições europeias durante a austeridade, e as eleições que deram origem à Geringonça, onde a esquerda soube capitalizar o descontentamento. Mas devido a um conjunto de erros próprios, de limitações do eleitorado, e de muita – mas mesmo muita – propaganda e manipulação dos meios de comunicação social detidos pelo regime (oligarquia nacional, UE e EUA) e dos seus bots nas redes sociais, a esquerda portuguesa está neste momento a ser efetivamente cancelada.

Assim, faço já aqui um leitura alternativa do que se passou nestas últimas eleições:

  1. O PCP foi cancelado pela propaganda da NATO mais nazis e pela rigidez discursiva que os impede de captar novo eleitorado que substitua os velhotes wue vão morrendo.
  2. O BE foi destruído – em parte – pela própria liderança (ao encostar-se à NATO mais nazis) e em outra parte pelo paleio mentiroso do PS: o “Ah e tal vocês é que acabaram com a Geringonça);
  3. E o Livre não fidelizou voto nenhum (ou fidelizou poucos); simplesmente o seu crescimento é na realidade uma inflação conjuntural pois foi o caixote do lixo (ou voto de protesto) de uma parte do BE (os que comeram a mentira sobre a morte da Geringonça) e do PS (os mais esquerdistas que olham para Pedro Nuno Santos e vêm o que realmente ali está: um Macron, mas na versão super incompetente).

No final de contas, voltou a ganhar o meu partido, o da abstenção, que teve um crescimento de meio milhão de votos. Haverá muitas razões diferentes para a postura abstencionista, mas vou falar só das minhas:

  1. Não reconheço qualquer legitimidade a um sistema eleitoral onde os partidos da frente elegem deputados sem ter votos, enquanto partidos mais de trás têm votos atirados LITERALMENTE para o lixo, o que levou o BE a ter um deputado apesar de ter votos para quatro, e no passado levou o CDS a ficar sem deputados mesmo quando teve votos para pelo menos dois. Nos distritos mais pequenos chega-se ao absurdo de só se eleger deputados de dois partidos ou só de um, indo todos os outros votos para o LIXO. Esta lei antidemocrática VIOLA a Constituição, foi feita pelo PS+PSD, e leva a um total de votos desperdiçados que ronda a fasquia de UM MILHÃO de votos.
  2. Mesmo que houvesse democracia representativa, não haveria soberania. Portugal não decide nada. Tudo são ordens de Bruxelas (UE), Frankfurt (€uro), Washington/Londres (NATO), e Jerusalém ilegalmente ocupada (lobby sionista genocida).
  3. Sendo que desde 2022, há ainda uma influência de NAZIS vinda de Kiev, que é tolerada pelos portugueses devido a toda a lavagem cerebral feita pelas fake news deste regime imperial ocidental, que os portugueses comem, até à última migalha, sem qualquer capacidade de contraditório.

Ou seja, quando o cidadão chega à urna de voto, o seu voto é baseado numa mentira. Logo esse resultado eleitoral é ilegítimo. E mesmo que fosse legítimo, há forças externas opressoras que nos dão ordens e ameaçam os países que não lhes obedecerem.

Tenho muitas mais razões para não votar em Portugal, mas fico-me por estas, que são as mais importantes; são factuais, e provam que Portugal já não é a democracia livre, representativa e soberana que está definida na Constituição desde 1976.

Portugal é hoje uma parvónia repleta de ignorantes, uma mera província totalmente vassala de um império criminoso, fascista, nazi, terrorista, colonial, e genocida. Enquanto França ainda tem hipóteses de resolver o problema via eleições, Portugal já passou essa fase.

O estado a que isto chegou pede, como disse um certo major-general português, uma nova revolução, para RESTAURAR o 25 de Abril, a independência, a decência, e a democracia representativa e soberana!

E – o que é ainda mais importante – para nos tirar da vassalagem ao império (EUA/NATO) que nos está a levar para uma morte certa, economicamente, demograficamente, e quiçá até para um alargamento da guerra por procuração (planeada, provocada, iniciada, e prolongada pelos EUA/NATO, em Kiev agora, em Taiwan em breve, e não só!) contra a maior superpotência da história da Humanidade: a aliança entre Rússia e China.

Uma aliança sem um pingo de intenções ofensivas, uma aliança que tiveram de forjar por motivos existenciais, para se defenderem da permanente e crescente agressão anglo-americana, à qual os nossos traidores prestam total vassalagem, e onde nos condenam a ser cúmplices de crimes contra a Humanidade, mas sempre apresentados nas fake news (RTP, SIC, TVI, BBC, FOX, CNN, Euronews, etc) como sendo acções “defensivas”, e em nome da “liberdade” e “democracia”. Não!

No dicionário neoliberal, “defensivo” é cometer genocídio em Gaza, destruir por completo a Líbia e colocar armas de destruição em massa à volta da Rússia e da China; “democracia” é obedecer a Washington e Bruxelas e sermos aliados dos nazis de Kiev (ao ponto de proibirmos as celebrações do Dia da Vitória a 9 de Maio) e dos colaboradores dos terroristas da al-Qaeda na Síria (agora no poder em Damasco), e “liberdade” é vivermos numa bolha de desinformação (fake news) onde não sabemos a verdade, e onde os reais jornalistas (aqueles que denunciam os crimes dos regimes ocidentais e recusam ser corrompidos pela USAID, NED, e companhia) são cancelados, ameaçados, vigiados, presos, e assassinados.

Enquanto isto se passa, onde estão os portugueses? Estão nas ruas a deitar foguetes porque uma equipa de bola ganhou uma competição, na praia descansados a dormir a sesta ou a ler revistas cor-de-rosa, em casa a ver reality shows sobre “casados” e outras putarias.

Ou a serem treinados para salivar – que nem o cão de Pavlov – quando ouvem a campainha nas fake news: ele é os “terroristas” do Hamas, a “agressão” de Putin, o “perigo” da China, os “negacionistas” da pandemia, a “extrema-esquerda” que “vai destruir” a economia, os “irresponsáveis” que não se querem integrar no “paraíso” da UE, o excesso de “socialismo” que nos impede de crescer, etc. E o que eles se fartam de salivar, meu deus, parece uma cascata...

Do blogue Estátua Sal

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Do Diário da Diana – 13 anos – escola C+S da Musgueira:

O meu pai já não jantava connosco há semanas porque os seus turnos com o táxi não lho permitiram. Por isso, não o temos ouvido a amaldiçoar imigrantes, ciganos e os 50 anos do PS e PSD a arruinarem Portugal depois dos comunistas terem entregado o nosso querido ultramar aos pretos e à Rússia. E não o contrariem!

Entrou eufórico e não se calou mais. Nem eu ou a minha mãe abrimos a boca. Se uma de nós o contesta somos burras, se está de bom humor, ou dá um estalo se está irritado. A política não é para as mulheres, quando há galos não cantam galinhas…, o costume.

No habitual monólogo disse que o Almirante vai ser PR à primeira volta e o André PM depois das próximas eleições, e os imigrantes são para deportar, como faz o Dr. Trump, não o Montenegro que só diz que faz para roubar votos ao Chega. É aldrabão. Conserva a empresa, para manter avenças, e diz que não é dele, só tem a sede em casa porque os filhos ainda vivem com os pais, como muitos outros em Portugal, na idade deles.
A bandalheira vai parar. Os corruptos vão para a cadeia, os violadores para a castração, os imigrantes para os países deles e os assassinos levam prisão perpétua. Haverá casas, vagas nos hospitais e segurança para todos os portugueses. Eles ainda não viram nada!

É preciso defender os brancos que nasceram em Portugal e dizer aos pretos, como fez o Dr. Trump ao da África do Sul que é o PR, quem não respeita os brancos não merece respeito. E não digam mal do Netanyahu por perseguir terroristas do Hamas, os que são e os que podem vir a ser. Eles é que começaram. Até Marcelo percebeu isso e fez ao embaixador da Palestina, que é terra de Israel, o que o Dr. Trump fez ao preto.

E as gajas vão deixar de andar despidas nas ruas e acabam os gajos que beijam gajos e as pessoas que ofendem a fé e os bons costumes. dos portugueses A bandalheira vai acabar.

Agora que o André superou o partido de Mário Soares e António Guterres, matou o de Álvaro Cunhal e varreu do mapa o Bloco de Esquerda, só falta enterrar o partido de Sá Carneiro, mas agora tem de lhe dar a mão. O que é preciso é combater o bloco central, os dois partidos que há 50 anos se entendem para destruir Portugal. É preciso acabar com greves, sindicatos e agitadores. Portugal vai ser grande outra vez, por mil anos.

Possesso, de boca cheia, a mostrar a comida e a lançar perdigotos, disse que Portugal não tolera ciganos, comunistas, russos e esquerdistas. E saiu da mesa ao encontro do Zé do Benfica, do Carvalho eletricista e de outros amigos, com ar alucinado, a gritar…

O PS e o PSD são corruptos, o André é o farol de Portugal, deixem o André trabalhar… E sumiu-se com a porta, puxada com violência, a fechar-se com estrondo.

Começo a temer o meu pai. Tem raiva a tudo e, sobretudo, aos políticos. Não sei o que me faria se eu dissesse que o seu André Ventura é político e aldrabão, mas quando um ateu começa a defender a religião só porque é a do André Ventura e acredita que as ciganas rogam pragas ao André e que isso lhe causa dano, estamos perdidos.

O que me vale é a mãe que tenho.
Musgueira, 22 de maio de 2025 – Diana

Apostila - O desenho não é da Diana, é do Onofre Varela. 
Carlos Esperança

O discurso da infâmia:

(Nuno Morna, in Facebook, 19/05/2025), Revisão da Estátua)


[Num domingo à noite, febril, deitado de lado, com o coração aos gritos e a televisão ligada no volume errado].

Ontem à noite, o país sentou-se a ver o circo. Um circo de uma só figura, de um homem só, de um espetáculo monológico onde o palhaço também era domador, diretor, macaco amestrado, leão faminto e criança perdida que grita da plateia para que olhem para ele, só para ele, sempre para ele.

André Ventura falou. Falou como quem cospe. Falou como quem bate. Falou como quem quer ser amado mas só sabe odiar. E parte do país, a parte do país fatigada de esperar por Deus, ouviu. Ouviu como se ouve o padre numa missa a que se vai por obrigação, como se ouve a mulher que já não se ama ou o pai que já não se respeita. Ouviu com raiva, com cansaço, com culpa.

Disse que acabara o bipartidarismo. Disse-o como quem anuncia a queda de Roma, o fim dos tempos, a libertação do povo escolhido. E ali estava ele, o Moisés do populismo, de microfone à frente e a azia no bolso como quem esconde a vergonha, prometendo terra prometida a quem nunca teve jardim. Disse que a história tinha mudado, que agora o país era outro, um país dele, feito por ele, para ele, com ele ao leme e os outros calados, de joelhos, em silêncio. Ventura quer o país em silêncio. O país de joelhos. O país em medo. Ventura não quer governar. Ventura quer mandar. E o que há de mais grave é que há quem deseje ser mandado. Há quem precise.

O Chega não é um partido. É uma carência. Um sintoma. É o vómito do país que nunca curou a sua tristeza. Que finge que é alegre no São João, no Santo António, nas bifanas do domingo, nos copos do sábado, nas sardinhas do Junho. Mas que sangra por dentro. Que odeia por dentro. Que tem raiva de si, de tudo, de todos.

Ventura oferece isso: um inimigo. Um sentido. Um alvo. Se há um culpado, já não sou eu. Já não é o meu fracasso, o meu salário, a minha solidão. É o cigano, o negro, o comunista, o assistente social, o jornalista, o juiz, o reformado, o artista, o pobre, o estranho. Ventura dá um nome à frustração. E isso consola. E isso vicia. E isso mata.

O seu discurso foi uma lista de cadáveres simbólicos. “Matei o partido de Álvaro Cunhal”, disse, como se estivesse a caçar fantasmas no sótão. “Varreram o Bloco de Esquerda do mapa”, gritou, com o orgulho de quem limpa sangue do chão, e chama a isso arrumação.

Para Ventura, política é isso: uma limpeza. Uma desinfeção. Uma purga. Como se o país estivesse sujo e só ele, com a sua verdade puríssima, o pudesse lavar. E lavar com quê? Com insultos. Com medo. Com castigos. Com prisões perpétuas. Com castrações químicas. Com multas. Com violência.

E depois, claro, o momento cómico, se a comédia ainda tivesse graça. Atacou as sondagens. Sempre as sondagens. Sempre o mesmo coro: que o queriam calar, que o queriam derrubar, que lhe mentem, que lhe fazem armadilhas. Ventura não percebe que as pessoas votaram no seu partido com vergonha de o fazer, de o dizer às sondagens.

 Ventura é o miúdo que jogava mal à bola e que ninguém quis na equipa e passou o resto da vida a sonhar ser capitão. E agora que lhe deram um apito, anda a expulsar todos os que correram mais depressa do que ele. Ventura não acredita em instituições. Acredita em si. Ventura não acredita em regras. Acredita no seu instinto. Ventura não acredita no país. Acredita no seu espelho.

E depois aquela frase. Aquela frase que soa a taverna com vinho barato e gritaria ao fundo. “A mama vai mesmo acabar”. Disse-o com o orgulho de quem faz justiça, mas com o tom de quem está habituado a mentir e a justificar-se com o cansaço. A mama vai acabar. A mama, quer dizer, o Estado. Os apoios. Os direitos. A solidariedade. Os serviços. A dignidade.

Ventura quer um país onde só os fortes sobrevivem. Onde quem não consegue, morre. Onde quem chora, se cala. Onde quem precisa, se esconde. Porque, para ele, a vida é uma luta de cães. E ele é o dono da trela.

Mas Ventura não quer que a mama acabe. Ventura quer ser ele a mamar. Quer o lugar do outro. Quer mandar nos subsídios. Quer mandar na televisão. Quer mandar na escola. Ventura quer mandar. Ventura quer mandar. Ventura quer mandar. E o país, esse país magoado, esse país velho que já não acredita em ninguém, esse país que se esqueceu como é que se luta, esse país votou nele como quem diz: “Toma, faz tu melhor”. E ele fará. Mas não será melhor. Será só mais triste. Mais cruel. Mais pequeno.

O que me espanta não é Ventura. Ventura é uma personagem de novela das seis: previsível, mal escrita, exagerada. O que me espanta é o silêncio. O silêncio dos outros. O silêncio dos bons. O silêncio dos sérios. Dos que deviam estar ali, naquele exato momento, a dizer: basta. Mas estavam calados. Com medo de perder votos. Com medo de serem insultados. Com medo de não parecerem “populares”. E assim se mata uma democracia: não com balas. Com medos. Com cobardias. Com silêncios.

Este discurso, o de 18 de maio, de ontem, não foi um discurso. Foi uma bofetada. Foi uma noite de gritos num quarto fechado. Foi o início de qualquer coisa escura. E se não gritarmos agora, se não dissermos agora, alto e claro, que isto não é normal, que isto não é aceitável, que isto não é o país que queremos, amanhã já não poderemos falar.

 E depois? Depois virá o silêncio. O grande silêncio. O silêncio dos cemitérios. E Ventura sorrirá. Porque não há nada mais cómodo para quem quer mandar do que um povo sem voz. E nós estamos perigosamente perto disso. Perto de calar. Perto de baixar a cabeça. Perto de desistir.

E quando isso acontecer, será tarde. Será sempre tarde.


Post scriptum: Estarei sempre do outro lado da barricada. Com todos os que são, efetivamente, pessoas de bem, não os que se dizem, mas os que o demonstram, com os que amam a liberdade sem adjetivos e a democracia sem asteriscos. No combate a todos os radicalismos, venham eles mascarados de justiça ou de ordem, de povo ou de nação.

No combate aos que aparecem para dividir, para semear o ódio, para apagar a pluralidade, para transformar o medo em política. No combate, sempre, à intolerância, a intolerância dos gritos e a dos silêncios cúmplices. Quero viver com a noção de que “Combati o bom combate“, (2 Timóteo 4:7). Da minha parte, não esperem outra coisa. Nem agora, nem nunca.

Do blogue Estátua de Sal 

não há milagres:

Sobre "a esquerda que não faz nada pelas pessoas", lembram-se de quando a Geringonça entrou em campo, e se ouviu um enorme suspiro de alívio em todo o país?

Pode ser percepção minha, mas tenho ideia de que, repentinamente, já não era preciso ultrapassar a troika pela direita.

Nos primeiros dois meses, a Geringonça reverteu boa parte das políticas duríssimas do governo de direita. Baixou a carga tributária nos grupos de rendimentos mais baixos, devolveu salários na função pública e aumentou o salário mínimo.

Lembro-me em particular de ter posto fim a uma situação terrível do tempo da troika: as famílias que perdiam as casas em que viviam por, devido à crise, não conseguirem pagar o empréstimo bancário.

Foi há 10 anos. Já esqueceram? Ou fui eu que sonhei?

Há descontentes? Pois claro que há descontentes! É impossível agradar a gregos e troianos, sobretudo quando uns querem sol na eira e outros querem chuva no nabal, e os terceiros nem sabem o que querem, mas querem já, imediatamente, perfeito e sem demora.

O caso do alojamento local é um bom exemplo da dificuldade de governar: se o governo tenta evitar a passagem de habitação para turismo, os donos das casas que precisam do dinheiro protestam. Se o governo não faz nada, os que andam desesperados para arranjar casa protestam.

Há sempre descontentes.

Se fossemos um país rico, riquíssimo, podíamos resolver os problemas atirando-lhes dinheiro para cima. Mas não somos.

Pelo que haverá sempre descontentes.

E mesmo que fôssemos riquíssimos, haveria sempre alguém a protestar, e a sentir-se deixado para trás por não ter tanto como lhe parece que o vizinho tem, a criticar tudo o que é feito e tudo o que fica por fazer.

Finalmente: se é para andar à procura de culpados do que aconteceu nas eleições do dia 18 de Maio, convém ter também presente que andamos a ser manipulados nas redes sociais por forças poderosíssimas apostadas em desestabilizar os sistemas democráticos; que - como se vê na nova era inaugurada por Trump e Musk - é possível comprar as eleições descaradamente; que o edifício da cooperação internacional é extremamente sensível, e um país sozinho não tem grande margem de manobra; que o grande capital inventa sempre maneiras de escapar ao controlo; que o racismo e a xenofobia correm docemente no silêncio dos corações até aparecer o primeiro flautista de Hamelin a fazê-los sair da toca.

Os partidos do arco democrático portugueses fizeram muitas asneiras, pois fizeram. Mas é injusto e perverso atirar para cima deles as culpas de tudo.

Porque, de facto, andamos há anos a jogar Calvinball.

(Se não entenderam a última frase, vão ler Calvin & Hobbes. Sempre aproveitam melhor o tempo que andando por aqui a bater nos "partidos de esquerda que se esqueceram do que deviam ser".)

Enviado por: Helena Araújo 

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