Apesar do que sugerem as declarações da maioria dos políticos do continente e dos burocratas de Bruxelas , é mais que evidente que os europeus - tal como os americanos - não estão disponíveis para ir combater os russos na Ucrânia. Uma coisa é morrerem ucranianos, outra, muito diferente, é morrerem franceses, ingleses ou outros. A Itália, aliás, já disse que está fora... E o mesmo fez até a aguerrida Polónia! É que, no fundo, esses políticos e burocratas sabem que nós sabemos que eles sabem que a chamada "ameaça russa" ´não passa de um pretexto para aumentar os orçamentos de defesa. Como poderia a Rússia, que há três anos se vê aflita para enfrentar os ucranianos, ser uma ameaça séria à Europa?!!
Resta agora saber se esses mesmos europeus - nós, incluídos - estarão dispostos a fazer sacrifícios sociais - cortes na educação, cortes na saúde, cortes nas reformas, mais impostos e por aí fora - para continuar a sustentar um regime de duvidosas credenciais democráticas, para dizer o mínimo, e alimentar , agora sem os EUA, a mesma guerra que não conseguiram ganhar com os EUA...
Não seria mais sensato, como aconselhava Garrincha a Zagallo, "falar com os russos", reconhecer que Moscovo, tal como Kíev, também tem interesses legítimos e aconselhar ambos, para bem de todos nós, a sentarem-se à mesa e negociarem em vez de se continuarem a matar uns aos outros numa guerra fratricida? Sim, fratricida, já que as ligações de sangue e cultura entre eles, ao longo de séculos, apesar de todas diferenças, são muitas e profundas e tudo não passa afinal, de uma briga de primos pela herança comum da ex-URSS. Ou não fora Kíev "a mãe de todas as cidades russas".
Haja, portanto, bom senso; e acalmem-se os ânimos belicosos daqueles que, à distância, assistem do sofá, pensando que tudo se passa lá longe, cedendo à emoção de uma enganosa guerra de princípios, bons de um lado e maus do outro, não se dando conta que, nesta escalada sempre em crescendo, os estilhaços - ou até mais do que isso - nos acabarão por atingir com toda a força se a carnificina continuar. CF
Carlos Fino
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