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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

«ESTA CONVERSA DA PERSEGUIÇÃO AOS POLÍTICOS, POR CAUSA DE ALEGADOS EXCESSOS DE TRANSPARÊNCIA, É PATÉTICA» (,,,) «É UMA TRETA DA PRIMEIRA À ÚLTIMA SÍLABA»:

Aqui vai um excerto da crónica de João Miguel Tavares:
«Não, Luís Montenegro não foi excessivamente escrutinado no Parlamento. Pior: continua sem responder às perguntas mais importantes sobre a sua empresa. O que o primeiro-ministro fez na sexta-feira [21 de Fevereiro] foi revelar informação desnecessária sobre os sonhos vitivinícolas da família, para a partir daí se vangloriar do seu nível de transparência enquanto mantinha um pesaroso silêncio acerca dos clientes, do serviço que lhes prestou e da razão pela qual grandes grupos empresariais, com departamentos jurídicos, necessitam de recorrer a uma pequena empresa familiar para receber sábios conselhos de Luís Montenegro sobre protecção de dados – e não, já agora, ao escritório de advogados que ele também detinha à época.
«Que haja tanta gente a ficar convencida com explicações tão pífias e desculpas tão esfarrapadas como o segredo comercial em matérias deste teor, diz muito acerca da credibilidade do povo português e da absoluta falta de noção do que devem ser os níveis de transparência exigidos a um primeiro-ministro. Se o ano em que a empresa de Luís Montenegro mais facturou – 2022, de longe, com 415 mil euros – foi o ano em que ele decidiu disputar a liderança do PSD; se os seus clientes são empresas como a Cofina ou o Grupo Solverde, cujos accionistas afirmou serem seus amigos pessoais, como é que nós podemos saber, sem o devido escrutínio e a necessária informação empresarial, se o dinheiro que entrou na ‘Spinumviva’ foi para remunerar um serviço efectivamente prestado ou, por exemplo, uma forma encapotada de ajudar a pagar uma campanha, tendo em conta a velha tradição nacional no que aos financiamentos partidários diz respeito?
«O ‘Correio da Manhã’ veio entretanto noticiar que Montenegro estará obrigado, segundo a lei que controla a riqueza dos titulares de cargos políticos, a comunicar à ’Entidade para a Transparência’ os nomes dos clientes da empresa. Não sei se está ounão. Mas sei que esta conversa da perseguição aos políticos, por causa de alegados excessos de transparência, é patética. Os ministros não precisam de vender as empresas que detêm. O que eles precisam é de disponibilizar informação sobre os negócios que fazem. Tão simples. E, no entanto, sempre tão complicado. Porque será?»
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Aguiar-Branco PAR e Montenegro PM, dois 'Calimeros' no topo do Estado, incomoda-os o escrutínio normal e legítimo e confundem a transparência com devassa e perseguição política.
Afirma, e bem, João Miguel Tavares, no ‘Público’ de 25.O2.2025

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