(Miguel Castelo Branco, in Facebook, 25/02/2025, Revisão da Estátua)

Os mil pascácios, que ainda há um mês se julgavam o centro da Terra e exerciam tiranicamente a langue de bois dessa cangalhada maltrapilha de supostos conceitos, tais como «ordem internacional regida por normas», «Ocidente alargado», «democracias liberais vs. iliberais», «o lado certo da História», «bombas de gasolina com armas nucleares» e «a nossa maneira de viver», enquanto pronunciavam fatwās pelas quais excomungavam a torto e a direito todos os que pudessem levantar a mais benigna objeção, acusando-os de alinhamento com as «autocracias», calaram-se subitamente e alguns até já ensaiam argumentos toscos para demonstrar que estão em trânsito para a nova situação.
De facto, essa gente envelheceu 100 anos num mês e transformou-se em Donas Elviras imprestáveis, calhambeques de outro mundo, pelo que vão ter de purgar gota a gota tanta jactância, adaptar-se ao novo tempo e procurar cabidela na era que agora lhes caiu aos trambolhões sobre os costados.
Em 1524, fez agora 500 anos, a Europa esperou, ansiosa, o fim do mundo previsto por astrólogos. O erro terá sido de meio milénio, pois esse fim de um mundo aconteceu-lhes agora. Não sinto a mínima pena, embora já os esteja a ver a chegar a Moscovo com a cestinha na mão para vender grelos e cenouras no Aviapark.
Do blogue Estátua de Sal
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