A guerra na Ucrânia nunca deixou de ser, independentemente das considerações éticas e jurídicas, a luta entre os EUA e a China, as duas mais relevantes potências económicas a nível mundial, com capacidade demográfica para se enfrentarem. E a Nato foi sempre o instrumento do imperialismo americano como o Pacto de Varsóvia o foi para a União Soviética há muito implodida.
A guerra na Ucrânia, para lá de considerações éticas e de direito, foi pretendida pelos EUA para sangrar a UE e a Rússia e a russofobia dos países limítrofes aproveitada para esse fim. Conseguiram os dois objetivos. A transformação da Ucrânia numa potência militar e do seu presidente numa espécie de Che Guevara da contrarrevolução dos EUA, designado líder do mundo livre, fizeram de Zelensky o convidado obrigatório das reuniões da Nato e da UE, quando a Ucrânia era apenas candidata à integração.
Foi assim que a aposta na vitória de Biden ou Kamala Harris contra Trump se converteu no mais danoso erro de cálculo desta direção da UE que nunca esclareceu o que entende por Europa, do Atlântico aos Urais ou à Rússia, ou da Nato, com ou sem Turquia, RU ou Hungria.
Quanto a lições de moral, é melhor não falar da UE e, muito menos, da Nato.
Há dois dias, na confusão entre a UE e Nato, realizou-se em Paris o retiro espiritual para fazer a catarse da viuvez de Biden e nem uma decisão foi tomada, apenas foi mostrada a desorientação da UE com António Costa e Ursula von der Leyen como figurantes e os líderes da França, RU e Alemanha, este a 5 dias de ser apeado, a metáfora do velório.
Manda a decência que a UE ajude o que sobrar da Ucrânia a reconstruir-se, tal como ajudou à guerra, e espero que seja isso que os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia lhe vão prometer na próxima segunda-feira.
Resta saber se os eleitores da UE estão dispostos a aceitar que honrem os compromissos que assumirem ou, à semelhança do que está reservado a Zelensky, serão descartados.
Carlos Esperança
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