.A Paz nasce nas
folhas duma pequenina erva.
.A Paz nasce como a
água: nas mãos dos homens.
.A Paz nasce nos
olhos dos camponeses
e no sorriso de
João.
.A Paz nasce numa
rosa branca
ou no grito duma
locomotiva
erguendo fontes no
silêncio da noite.
.A Paz nasce quando
vejo o meu camarada
e me diz: bom dia!
.A Paz nasce no
martelo que se levanta.
.A Paz nasce quando
leio Walt
dormindo entre os
cocheiros.
.A Paz nasce quando
os amantes se mordem
como se uma charrua
rasgasse a terra.
.A Paz nasce com
José.
.A Paz nasce quando
o pescador abraça o seu irmão.
.A Paz nasce quando
a minha mãe me diz:
Deus te abençoe,
meu filho!
.A Paz nasce quando
uma espingarda se cala.
.A Paz nasce com a
liberdade
ou na cor dos teus
olhos.
.A Paz nasce quando
o poeta canta sem medo
o desespero e a
esperança.
Quando era criança
brincava com uma
pomba próximo do mar.
Era verde o tempo.
Verdes os cabelos
da aurora.
Uma montanha corria
para mim,
alada como um
rio...
Comia espigas de
água
e cerejas com
folhas de silêncio.
Era verde o tempo.
O tempo que
mergulhava no meu corpo de pássaro
e nele desenhava
curvas
como num campo de
searas.
Amo a simplicidade
das árvores
ou duma janela
aberta.
E se falo no tempo
em que ser criança
é ser o sol,
é porque sou um
homem.
Um homem igual aos
outros homens.
Um homem que ama a
vida maternalmente.
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