Há um "Trump country" que não vemos, que não queremos ver. Lá como cá. Vivemos em demasia na nossa bolha para acreditarmos que é possível. Mas é. Muitos gostam. E são em maior número. Como explicava Tom Nichols num artigo brilhante e premonitório publicado há dias na revista The Atlantic, é isto. Simplesmente isto:
"Para milhões de fiéis do Partido Republicano, no entanto, as tentativas diárias de Trump de romper novas fronteiras hediondas não são ofensivas, mas reconfortantes. Eles querem que Trump seja horrível — precisamente porque as pessoas que veem como seus inimigos políticos ficarão chocadas se ele vencer. Se a campanha de Trump estivesse focada em distribuir incentivos fiscais e reduzir os preços da gasolina, ele perderia, porque para a sua base, nenhuma dessas coisas políticas que induzem ao bocejo é transgressiva o suficiente para ser emocionante (...)
Alguns eleitores de Trump podem acreditar nas suas mentiras. Mas muitos mais querem que Trump seja aterrorizante e dê arrepios, para que reelegê-lo seja um ato de vingança social totalmente realizado. Harris não pode propor nenhuma política, oferecer nenhum benefício ou adotar nenhuma posição que concorra com esse sentimento.".
Miguel Carvalho
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