Ventura, publicamente, já ameaçou prender quem defenda o 25 de Abril e uma parte indiscriminada de pessoas ligadas a Governos socialistas e ao PS. Ele põe como condição para esse aumento da população prisional estar a ocupar o cargo de primeiro-ministro. Trata-se, portanto, de uma promessa eleitoral. Não oficial, pois não consta dos programas que vão a votos, mas oficiosa, dado servir para captar os tais votos. Embora ele não explique como iria fazer a coisa, se por decreto-lei ou a berrar de uma janela em S. Bento, parece convicto de ser não só viável como até fácil: «se com Passos Coelho houve um primeiro-ministro socialista preso, talvez com André Ventura houvesse vários dirigentes de esquerda presos em Portugal pela simples razão que roubaram este país, e roubaram-no até ao tutano!»
Por que motivo estas declarações não causaram o mínimo escândalo, muito menos uma petição pública? Acaso não são, igualmente, instigações à prática de crimes? Sim, são demasiado estouvadas e não tão abjectas e desumanas como as que fez sobre Odair Moniz. Isso é parte da explicação. Mas a outra é esta: desde 2004, existe em Portugal uma prática continuada de apelos ao ódio e ao crime contra o PS e governantes socialistas. Prática generalizada na direita partidária, no editorialismo “de referência” e no comentariado (algum deste, supostamente socialista). Não, pá, o Ventura não é um caso de abiogénese.
27 Outubro 2024 às 2:56 por Valupi
Do blogue Aspirina B
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