Um dia, começou uma guerra na Ucrânia. Não vou incomodá-los com a história e antecedentes deste facto. Não estaríamos de acordo e não é esse o ponto de hoje. Todos sabemos o que, numa guerra, é a acção psicológica - agora designada com nomes mais finórios como "elementos não cinéticos da guerra". No fundo, é simples: a partir da frase atribuída a Tucídides, "numa guerra, a primeira vítima é a verdade", a maioria - não todos - dos analistas que frequentam as nossas televisões, tomaram há muito o sua causa e defendem-na sem grande preocupações com os factos e muito menos com a ética jornalística. Os entrevistadores, então, chegam a ser hilariantes e, como se esperava, alguns deles submete os seus "inimigos" a diálogos insuportáveis. Mas, se gostam do comentador de serviço - civil ou militar - as coisas podem tornar- se exóticas, patéticas, disparatadas. Claro que nesta coisa da acção psicológica - consultem o Manual do Oficial Miliciano, Bíblia em assuntos militares - os que tomam partido furiosamente, sabem bem que devem seguir este princípio básico: tudo quanto os "inimigos" e seus alegados simpatizantes falam é mentira; nós - eles-, do lado de cá, falamos verdade. A partir daqui, é fartar vilanagem. Hoje levei a paciência - notei a indignação do meu gato - ao ponto de assistir a uma dos pares feitos no céu nestas matérias: o rapaz Cláudio e o major general Izidro. Com que entusiasmo eles discorrem e se reforçam mutuamente na construção da sua cena. Pobre Rússia, não sabe que está derrotada. Não ouve o Izidro, é o que é. Aquilo atinge as raias do delírio, pratica a contra informação sem perceber que nós percebemos. Quem quer estar informado sobre o que se passa na Ucrânia, não espere nada dali. Ali só há sócios do mesmo clube. Não é um programa, é um pagode. Quem deve estar receoso com aqueles debates são os russos. Temem, sem dúvida que, um dia, o Claudio e o Izidro se dirijam à zona do conflito. E, com as suas cortantes análises provoquem baixas nas tropas russas. Que podem morrer de riso
Umas de maior importância que outras. Outrora assim acontecia. É por isso que gosto de as relatar para os mais novos saberem o que fizeram os seus antepassados. Conseguiram fazer de uma coutada, uma aldeia, depois uma vila e, hoje uma cidade, que em tempos primórdios se chamou Fredemundus. «(Frieden, Paz) (Munde, Protecção).» Mais tarde Freamunde. "Acarinhem-na. Ela vem dos pedregulhos e das lutas tribais, cansada do percurso e dos homens. Ela vem do tempo para vencer o Tempo."
Rádio Freamunde
https://radiofreamunde.pt/
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