(Raphael Machado in Twitter 24/08/2024, revisão da Estátua)
Aprisão de Pavel Durov na França não tem fundamento jurídico nenhum. É uma decisão política. A tirania atlantista prendeu o criador do Telegram alegando que há pessoas que usam a rede social em questão para o cometimento de crimes diversos, como narcotráfico, terrorismo e pedofilia – todos eles crimes graves e abjetos.
Mas o Telegram, que não passa de um mensageiro virtual, é apenas um espaço público virtual. O espaço público virtual é parcelado em perfis, grupos e canais, os quais são propriamente responsáveis pelo conteúdo que veiculam em sua própria circunscrição. O Telegram, aliás, possui regras bastante rígidas sobre conteúdo abjeto em geral e colabora com as autoridades quando solicitado e na medida das possibilidades técnicas.
Ninguém pensaria em prender o Mark Zuckerberg pelo facto de que o Facebook por muitos anos foi a principal ferramenta usada pelo ISIS para fazer leilão de escravos. Até hoje, no Instagram, há contas que são usadas como proxies por gangues de pedófilos. O Youtube nos últimos anos começou a exibir conteúdos cada vez mais adjacentes à pedofilia, mas ninguém cogitaria prender o seu CEO Neal Mohan.
Assim, é óbvio que a prisão do Pavel Durov tem mais a ver com o papel do Telegram na rutura dos oligopólios informacionais do que qualquer outra coisa.
O Telegram, hoje, é a principal ferramenta informacional para quem quer realmente acompanhar os conflitos mundiais, para quem quer sair do controle da Big Pharma e para quem não quer se submeter à dogmática do liberalismo.
Todos aqueles que odeiam a ordem hegemónica atual e são odiados por essa ordem hegemónica usam o Telegram. É óbvio que verdadeiros filhos da puta também usam o Telegram, mas a possibilidade de adquirir informações contra-hegemónicas se sobrepõe aos casos excecionais em que o uso do Telegram pode ser feito para fins antissociais, como o próprio Durov disse, com outras palavras, há alguns anos.
Naturalmente, a mídia de massa, inclusive no Brasil, está em festa.
Aguardem matérias sensacionalistas situando o Telegram como “a rede social usada por neonazistas, terroristas e pedófilos”, com ênfase em casos bizarros e absurdos, para assim se construir um cenário narrativo em que essa prisão, e qualquer medida contra o Telegram, são tomadas como legítimas.
Do blogue Estátua de Sal
Sem comentários:
Enviar um comentário