(Por José Gabriel, in Facebook, 29/06/2024)
(Sim, a purga está em andamento. Já nem sequer se preocupam em manter as aparências. Como sabem aqueles que seguem este blog, quer Carmo Afonso quer Bernardino Soares tiveram os seus textos variadas vezes publicados na Estátua. Mas a censura está aí e agora foram os dois “abatidos”, a primeira do Público e o segundo da CNN. O horizonte é negro. Mas enquanto tivermos voz, a Estátua sempre pugnará pela Liberdade.
Estátua de Sal, 30/06/2024)
Eles, até há pouco tempo, pareciam querer simular pluralismo, livre opinião, diversidade. Assim, aceitavam, quais cisnes num lago de jacarés, jornalistas, comentadores e colaboradores, aqui e ali, em doses espartanas, mas ainda assim visíveis. Carmo Afonso no Público, Bernardino Soares na CNN – para referir os mais recentes excluídos -, e uns poucos mais, publicados, lidos, vistos e ouvidos em doses homeopáticas.
No geral, o que abunda pelos órgãos de comunicação social são os obedientes à voz do dono. Que, muitas vezes, à custa da sua vontade de obedecer a quem lhes dá corda – por puro interesse ou por entusiástica convicção – são tão servis que os seus textos, comentários, intervenções em painéis sortidos, não só se empobrecem intelectualmente como se tornam desinteressantes e pouco úteis aos que pensam fazer o favor. A sua pouca adesão à verdade e aos factos torna-os inúteis. Mas eles perseveram e continua a haver quem, apesar do acentuada decadência dos jornais com pretensões de “referência” – e sucesso dos tabloides – parece valer-lhes a pena. Com prejuízos e tudo.
A situação convoca uma premissa incontornável: a maioria dos leitores de jornais a sério tem o defeito de ser exigente. Logo, perante a perda de qualidade – e de decência, sejamos claros – de que padece a maioria, se não a totalidade, dos jornais portugueses, os leitores afastam-se deles.
Depois, ouvimos as queixas e as perguntas como que dirigidas à divindade: “porquê, leitores, porque nos abandonastes”? Eu respondo: cada vez há menos razões para se comprar jornais – de papel ou online. E agora, com a exclusão – gostaram do eufemismo? – de Carmo Afonso, menos razões há, no caso do Público.
Todos nós conhecemos a experiência de, ao longo dos anos – estou a falar, sobretudo, a gente de uma “certa idade” – estimar especialmente esta ou aquela página, coluna, colaborador dos jornais que comprava. Tal chegava a determinar o modo como geríamos a sua leitura. Ora lendo imediatamente os nossos preferidos, ora deixando-os para o fim como uma apetecida sobremesa. Por mim, não mais. A indigência do que enche as páginas dos jornais, a compreensão das meias verdades – que são sempre uma mentira completa -, a manipulação e os truques subliminares mais básicos, deixam-nos a sensação de que nos desrespeitam, que nos ofendem a inteligência sem pudor e sem consciência – penduraram a consciência.
Do blogue Estátua de Sal
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