Perante a travagem brusca do avanço da extrema-direita francesa e da colossal derrota das sondagens e das expetativas, as televisões portuguesas cedo deixaram de assinalar a derrota dos fascistas para esquecerem a grande mobilização do eleitorado e a vitória das forças democráticas francesas.
Incapazes de refletirem sobre as potencialidades da aliança organizada, em poucos dias, contra o neoliberalismo de Emmanuel Macron, passaram a designar Mélenchon como extremista e a dar o máximo relevo aos marginais que há muito usam todos os pretextos para destruírem nas ruas tudo o que encontram. Pior, passaram longos diretos dos desacatos associando os marginais aos partidos vencedores.
Independentemente do governo que em França suceder ao atual, a pressa em qualificar de extrema-esquerda o campo que derrotou a extrema-direita e Macron é a habitual postura dos extremistas, agora do Chega e IL, em Portugal. O PSD/CDS, ao contrário dos franceses, não manifestou o mesmo alívio que os partidários de Macron em França, o que é preocupante. A AD parece refém dos partidos extremistas que gerou no seu seio.
Voltarei à análise da correlação de forças em França, mas, desde já, é urgente denunciar a tentativa portuguesa de apagar a derrota de Macron que a AD representa em Portugal. Pode ser que o resultado das eleições francesas iniba o governo português de provocar eleições sob chantagem ao PS.
O truque, tal como em França, pode custar-lhes uma derrota. Os portugueses sabem que todos os líderes do PS foram acoimados de extremistas de esquerda antes das eleições e depois de serem Governo. Até Guterres era definido como peixinho vermelho numa pia de água benta e, ainda agora, o não acompanham nos esforços de paz.
Para já, deixem-me respirar de alívio com a derrota de Marine Le Pen em França, e com as cambalhotas e a deceção do 4.º pastorinho em Portugal.
Carlos Esperança
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