Uma carta aberta à Sra. Olena Zelenska por Roger Waters:

 Domingo, 4 de setembro de 2022

Prezada Sra. Zelenska,

O meu coração sangra por si e por todas as famílias ucranianas e russas, devastadas pela terrível guerra na Ucrânia. Estou em Kansas City, EUA. Acabei de ler um artigo na BBC aparentemente tirado de uma entrevista que a senhora já gravou para um programa chamado ‘Sunday with Laura Kuenssberg’ que será transmitido na BBC hoje, 4 de setembro. A BBC cita-a dizendo que “se o apoio à Ucrânia for forte, a crise será mais curta”. Hmmm? Acho que isso pode depender do que quer dizer com “apoio à Ucrânia”, não?

Se por “apoio à Ucrânia” a senhora quer dizer que o Ocidente continua fornecer armas aos exércitos do governo de Kiev, temo que esteja tragicamente enganada. Jogar combustível, sob a forma de armamentos, numa fogueira, nunca funcionou para encurtar uma guerra no passado, e não funcionará agora, principalmente porque, neste caso, a maior parte do combustível está:

a) A ser lançado no fogo por Washington DC, que está a uma distância relativamente segura da conflagração, e

b) porque os 'lançadores de combustível' já declararam interesse em que a guerra continue pelo maior tempo possível. Temo que nós, e por nós quero dizer pessoas como você e eu, que realmente querem a paz na Ucrânia, que não querem que o resultado seja lutar até a última vida ucraniana, e possivelmente até, se o pior vier a dar no pior, à última vida humana.

Se, em vez disso, desejamos alcançar um resultado diferente, talvez tenhamos que buscar um caminho diferente e esse caminho pode estar nas boas intenções anteriormente declaradas de seu marido.

Sim, refiro-me à plataforma sobre a qual ele tão louvavelmente concorreu ao cargo de Presidente da Ucrânia, a plataforma sobre a qual conquistou sua histórica vitória esmagadora nas eleições democráticas de 2019. Ele declarou na plataforma eleitoral das seguintes promessas.

1. Acabar com a guerra civil no Leste e trazer paz ao Donbass e autonomia parcial a Donetsk e Luhansk.

2. Ratificar e implementar o restante do corpo dos acordos de Minsk 2.

Pode-se apenas supor que as promessas eleitorais do seu marido não se encaixaram bem com certas facções políticas em Kiev e que essas facções persuadiram-no a mudar diametralmente o curso, ignorando o mandato do povo. Infelizmente, ele concordou com essas demissões totalitárias e antidemocráticas da vontade do povo ucraniano e as forças do nacionalismo extremo que espreitavam, malévolas, nas sombras, desde então governaram a Ucrânia.

Desde então, eles também cruzaram várias linhas vermelhas que foram claramente estabelecidas ao longo de vários anos pelos seus vizinhos, a Federação Russa, e, consequentemente, eles, os nacionalistas extremistas, colocaram o vosso país no caminho para esta desastrosa guerra.

Não vou continuar.

Se eu estiver errado, por favor ajuda-me a entender como?

Se eu não estiver errado, por favor, ajude-me nos meus esforços honestos para persuadir os nossos líderes a parar com a carnificina, que serve apenas aos interesses das classes dominantes e dos nacionalistas extremistas, tanto aqui no Ocidente quanto no seu belo país, em à custa do resto de nós, pessoas comuns, tanto aqui no Ocidente quanto na Ucrânia, e, de fcato, pessoas comuns em todo o mundo.

Não seria melhor exigir a implementação das promessas eleitorais do seu marido e pôr fim a esta guerra mortal?

Com amor

Roger

Publicado por António Alves

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