O homem que fingia ser de esquerda, para melhor defender a direita, é hoje o intelectual orgânico do neoliberalismo radical. Ignora-se se é por solicitação da Fundação Jerónimo Martins, por iniciativa própria, por coincidência de pontos de vista com o partido que representa o neoliberalismo mais radical (IL) ou por tudo isso.
Finda a guerra colonial regressou a Portugal e, pela mão de Mário Soares, o convertido revolucionário, pela mão de Mário Soares, tornou-se célebre na comissão liquidatária da reforma agrária sob pseudónimo de ministro da Agricultura.
Depois, por falta de apoio para singrar no PS, tornou-se Reformador útil, para levar a direita ao poder. Voltaria ainda ao PS para perfazer o tempo suficiente na AR para ter direito ao subsídio vitalício, que então era concedido os deputados, antes de se assumir como o que sempre foi, conservador e reacionário, mantendo apenas o antifascismo.
Foi já com fartas provas na direita que viu esboroar-se a carreira política para os altos voos para que se julgava fadado. Sem apoios ou sem merecer confiança para candidato a PR ou, sequer, a presidente da Câmara do Porto, passou a pregador do neoliberalismo com guarida nas televisões e, nos últimos tempos, com prédica semanal, aos sábados, no jornal Público.
As suas homilias, sob o título «Grande Angular, são exemplares no ataque político a partidos à esquerda do PSD e na defesa do neoliberalismo. Atingiu o auge da decadência ética na homilia “Grande Angular – Escola, Cidadania e Democracia”, publicada em 13.8.2022, que termina com a frase: “A escola deve ser democrática, mas não impingir a democracia.” É um texto doutrinário profundamente reacionário.
Hoje, perdido o pudor, é assalariado de um merceeiro holandês, crítico dos partidos que elaboraram a CRP e, com sobranceria catedrática, adversário da social-democracia e de toda a esquerda.
Sendo melhor fotógrafo do que pensador, faz pena ver o antigo expatriado na Suíça em promíscuo contubérnio com a pior direita, excluindo a fascista.
Quem não sabe viver de pé, acaba de rastos.
Carlos Esperança
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