Sicofanta. A palavra é de origem grega e significava o delator dos ladrões de figos. Com o tempo passou a designar lambe botas, lambe-cus, denunciantes, e em geral uma pessoa que tenta obter vantagem lisonjeando pessoas influentes ou comportando-se de forma servil.
Dante, na Divina Comédia, colocou os sicofantas no nono círculo do Inferno, ainda abaixo dos assassinos e dos tiranos. Colocou-os mergulhados em excrementos, dizendo deles: “A punição é que aqueles que estavam cheios de porcaria na vida estão literalmente imersos nela na vida após a morte."
Uma autora de ciência política americana, a propósito da “gente” que rodeava Trump, escreveu também sobre os sicofantas: “ Os sycophants ajudam a simplificar a questão da corrupção, que é uma epidemia assassina. Dizem aos senhores a quem servem que é o que os outros fazem, são o veículo para ações escuras e saques maciços. Percorrem os corredores do poder sem evidências de formação profissional para o papel que desempenham, nem têm histórico conhecido fora do "jobber político", nem um perfil pessoal apresentável. Por outras palavras, servem apenas como cães de ataque.”
E, mais adiante: “ São demolidores da sociedade porque tornam a comunicação impossível, pois mentem permanentemente e minam a confiança. Impõem uma dupla transação entre o facilitador e eles, de que os cidadãos adormecidos, ou ingénuos são vítimas. Fomentam uma cultura em que qualquer troca leal de informação se torna impossível, porque nunca sabemos quando o sicofanta nos está a dizer a verdade que ele quer em que nós acreditemos, ou se está a pretender provocar uma desconfiança por um qualquer meio enviesado.”
A descrição sobre o Sicofanta vem a propósito de uma criatura cuja corrupção foi apresentada como uma curiosidade. Uma criatura que terá sido militante do Partido Socialista, chefe de um sindicato de funcionários dos impostos, que se introduziu no Bloco de Esquerda, chegando a candidato a deputado e apoiante da candidatura presidencial de Marisa Matias, que surge agora mergulhado no Chega. Olhem que sacaninha engraçado! Comprem-lhe um relógio, ou uns óculos escuros.
Mas não estamos em presença de um videirinho, de um pequeno traficante de quinquilharias. Ou não estamos só perante um escarro humano. Estamos perante um tipo de cultura, de aceitação de ausência de valores e de princípios que destruirá o compromisso social em que a nossa civilização se fundou. Estamos na civilização dos sicofantas que Dante colocava na vida após a morte nas fossas de excrementos, porque em vida foram como este exemplar moderno, parte deles.
Um sicofanta que no PS e no BE defendeu o serviço nacional de saúde, a escola pública, a previdência social, os direitos dos trabalhadores e que hoje procura tratar da vidinha e receber os votos dos que defendem o negócio privado da saúde, o negócio do ensino privado contra fim da escola pública e os seguros privados contra as reformas e a segurança socia, os patrões em vez de quem trabalha por conta.
Dante colocou estes sicofantas numa fossa de merda. Aqui há quem o queira a seu lado, a deputar!
Fica a foto do sicofanta, sem direito a nome de pessoa.
Carlos Matos Gomes
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