Não bastando ao governo as muitas
provas da governação com contas certas, como tem sido seu apanágio desde a
legislatura anterior, volta-o agora a confirmar com os resultados das finanças
públicas no terceiro trimestre do ano em curso.
Lá longe, no Afeganistão, aonde
decidiu expandir geograficamente o inveterado hobby das selfies, Marcelo mandou às malvas a regra
de nunca falar de política interna quando está fora do país, e aproveitou para
dar mais uma alfinetada no governo procurando-o apoucar de forma a ganhar
margem de manobra para, logo que possível, dar a mão aos amigos de sempre e
facilitar-lhes o regresso ao poder.
A notícia do dia, que deveria ser
esse superavit nas contas públicas, passou a ser o dos alertas presidenciais
sobre algo que ainda está só no domínio das hipóteses e nem sequer tem provas
bastantes para os colocar no âmbito das fortes probabilidades.
Para Marcelo a noite de 6 de
outubro terá sido vivida com particular inquietação: tivesse tido o PS a
maioria absoluta e poderia esquecer um segundo mandato. Não porque lhe fosse
difícil repetir a vitória - assim no-lo dizem os seus índices de popularuchice
- mas por ela de nada lhe valer quanto ao verdadeiro motivo, que o norteia: o
filho e afilhado de fascistas e boicotador de greves académicas no antigo
regime continua apostado em ser tão útil quanto possível às desorientadas
direitas nacionais.
Só o facto de ter o seu antigo
partido no estado em que o vemos e o resto da sua trincheira dividir-se entre
três irrelevantes minipartidos (CDS, IL e Chega) o impede de se mostrar mais
incisivo. Mas arranje quem o ajude a fustigar o governo ajudado pela
inestimável comunicação social - toda ela afeta aos interesses de classe dos
que são seus proprietários - e lá se vai o Marcelo com aspeto de avozinho
extremoso e «pai do povo» sensível à
suas dores e penas, revelando-se-lhe a verdadeira faceta escondida por trás da
assertiva máscara que foi moldando desde os comentários televisivos semanais.
Será complicado fazer aprovar o
Orçamento para 2020 na Assembleia da República? Não tanto quanto gostaria
Marcelo porque, nesta altura, com o país a reduzir paulatinamente a dívida e os
portugueses a terem motivos para confiar no futuro, quem se atreve a precipitar
eleições antecipadas? Vissem-se tentados pela mera hipótese de votarem contra e
lá teríamos o Bloco reduzido a metade, repetindo a lição em tempos dada a
Louçã, e o PCP ainda mais próximo da sua grupusculização!
Cá por mim, e ao contrário do que
Marcelo aventa, o OE2020 será pouco mais do que uma formalidade!
Publicada por jorge rocha

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