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domingo, 13 de maio de 2018

O bando sinistro:

A direita portuguesa vai perder as eleições de 2019, segundo as últimas sondagens continuam a dizer. O desespero e a raiva assomam já nos colunistas e porta-vozes da direita. Tudo é de esperar dessa cambada raivosa, desde apelos indirectos aos incendiários até elogios à utilização da organização judicial para fins políticos.
Uma equipa sinistra, já muito experimentada, vai certamente estar no terreno. O seu objectivo é supostamente combater a corrupção, para defesa da democracia. Na verdade, muito insatisfeita com uma democracia que dá vitórias à esquerda, ela pretende virar contra ela uma justiça politicamente enviesada, ou seja, corrupta. Depois de Sócrates, o seu alvo será agora António Costa, como é óbvio. A equipa alinha assim (é só a ponta do iceberg):
Fernando Negrão – Foi director-geral da PJ entre 1995 e 1999, durante o governo de Guterres. Foi demitido pelo ministro socialista da Justiça, Vera Jardim, e acusado pela PGR de Cunha Rodrigues de violação do segredo de justiça no caso da Moderna (ainda se levava a sério o segredo de justiça). O STJ arquivou a coisa em 2001, por alegada falta de provas. Deputado do PSD desde 2002 até hoje. Breve ministro de Santana Lopes (2004-2005). Foi derrotado nas eleições para a câmara de Setúbal em 2005. Foi derrotado por António Costa nas eleições para a câmara de Lisboa em 2007. Brevíssimo ministro da Justiça do governo fantasma de Passos Coelho (Outubro-Novembro de 2015). Actual líder da bancada parlamentar do PSD (com apenas 35 votos dos 88 deputados), depois de ter perdido a eleição para presidente da Assembleia da República. É um frustradão calejado em derrotas, mas que, em compensação, adora puxar cordelinhos nos bastidores.
Jorge Rosário Teixeira – A sua carreira foi lançada por Fernando Negrão (ver acima), que o meteu na PJ para chefiar a Direção Central de Investigação e Combate à Criminalidade Económica e Financeira. Saiu da PJ em 1999, não se sabe porquê, quando Negrão foi demitido. Em 2004 caiu de para-quedas no DCIAP, na PGR. É o procurador que tem os processos mais importantes do DCIAP desde que para lá entrou. É o mago da Operação Marquês, de que a direita esperava o desaparecimento do PS da cena política e a recondução do governo de Passos Coelho. Propôs em 2014 ao juiz Carlos Alexandre a prisão de Sócrates para depois o investigar, como a PIDE fazia noutros tempos.
Carlos Alexandre – Juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal desde 2004 e, durante muitos anos, o único. Trabalha desde 2004 com o procurador Rosário Teixeira, a quem faz todas as vontades, nomeadamente no processo Sócrates. Embora o juiz de instrução seja incumbido de fiscalizar o procurador nos processos que este conduz, Carlos Alexandre tem basicamente estado às ordens de Rosário Teixeira. É muito pio e participa nas procissões da sua terrinha. Já uma vez disse que a sua vocação era ter sido padre. Noutros tempos teria dado um eficaz juiz do tribunal da Santa Inquisição.
Joana Marques Vidal – Procuradora-geral proposta por Passos e nomeada por Cavaco em 2012, nem é preciso dizer mais nada. Filha de um antigo director-geral da PJ que se gabava de odiar a “classe política” (da democracia). Irmã de um célebre João, ex-chefe do DIAP de Aveiro, que pôs a circular a teoria de que Sócrates tinha um fantástico plano para “controlar” os meios de comunicação social. É a responsável máxima de tudo o que a PGR fez e não fez desde 2012. P’ra inglês ver, mandou já duas vezes (2015 e 2018) investigar fugas de informação e violações do segredo de justiça no processo de Sócrates, mas nunca se apurou porra nenhuma. Em Julho de 2018 vai, felizmente, ser despejada da PGR, deixando muitas saudades à direita. O clã Marques Vidal vai, porém, continuar operacional através do mano João, que já é procurador-geral adjunto.
António Ventinhas – É presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, reeleito em Janeiro em lista única. Foi alvo de um inquérito mandado instaurar pelo Conselho Superior do Ministério Público (por 8 votos contra 5) por ter declarado a culpabilidade de Sócrates em 2016, antes mesmo de haver acusados no processo. Defendeu-se com o especioso argumento de que é sindicalista e ficou tudo em águas de bacalhau. Tem acusado o governo de António Costa e a ministra da Justiça de quererem controlar o MP para que se não possa investigar a corrupção. Também é contra o controlo do MP pela PGR, porque lhe cheira que o próximo procurador-geral não será de direita. Elogiou a Operação Marquês e a actuação de Rosário Teixeira e Joana Vidal nesse processo. É o palhacinho deste quinteto, com ventinhas a condizer.
Por Julio em Aspira B

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