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segunda-feira, 6 de março de 2017

OS NEO-CLAUSTROFÓBICOS!

claustrofobia
Eu sei que há por aí muitas pessoas sensíveis, algumas mesmo supersensíveis e, portanto, aconselho-as a não lerem este texto. É que o assunto, versando a “claustrofobia”, pode chocar muitos daqueles que não gostam de lugares elevados, por causa das vertigens, não andam de avião porque, no ar, estão lá fechados e podem cair, ou porque num comboio estão sujeitos a um descarrilamento. E nem podem falar com o vizinho do lado, não vá ele ser claustrofóbico também…Complicado, não é?
Eu, durante a minha já provecta vida de quase sessenta e quatro anos, muitíssimas vezes ouvi esta palavra e, não sei bem porque razão, sempre a associei a “medo”. Talvez por causa da “fobia” com que termina. Mas essa todos sabemos bem o que significa: medo, repulsa, pânico ou ansiedade provocados por algo, ou por qualquer coisa ou situação. Tudo certo, não é?
Mas, assim sendo, de onde virá a tal “claustrofobia”? Eu, muito natural e simplesmente, mesmo inocentemente até, retratando a verdade do que sou e sempre fui, um inocente crédulo, sempre pensei, e até já aqui o escrevi, que “claustrofobia” era ter medo a claustros! Que outra coisa poderia ser?
Mas ontem, falando com um Amigo bestialmente letrado, ele disse-me que não é bem assim. Que eu estou a ser muito redutor, diz ele. Ao que eu, muito candidamente, respondi: até pode ser mas, se assim for, não sei como há monges, freis ou freiras que permaneçam em conventos. É que aquilo são só claustros! Bem, eu sei que eles só por lá andam meditando, rezando e fazendo daquilo um sacrifício e imolação, em nome do Pai, do Filho e de todos os Espíritos Santos, que são muitos, mas são só um…Talvez…
Mas então ele disse-me que “claustrofóbicos” são aqueles que têm medo de estar fechados: num avião, num comboio, num autocarro ou no meio de um qualquer ajuntamento…Que novidade, disse-lhe eu, acrescentando aqueles que não saem de casa, nem que ela lhes caia em cima! Ele riu-se e eu ainda acrescentei: nem a manifestações vão e até se refugiam nas últimas filas do Parlamento…
Donde concluí que as pessoas livres e livres de qualquer medo, não poderão andar seguras e juntas com essas outras, andar de comboio com elas e de avião nem pensar! E simplesmente porque não conseguirão ser livres, ser independentes e controladas nos sítios onde estão.
Tudo isto se tornou uma novidade para mim, que nunca julguei chegarem estes conceitos ao refinamento a que chegaram mas, ao mesmo tempo, foi um enorme clarão que se abriu na minha visão passando, finalmente, a entender aquilo que de há uns tempos para cá alguns vêm entendendo como “Claustrofobia Democrática”! Em letra maiúscula, dada a sua importância.
Ora eu “Claustrofobia”, como antes dissertei, ainda consegui perceber o que poderia ser, mas, “Democrática”?  Terá a ver com “Liberdade”, perguntei-me eu?
Já aqui há uns anos perplexo fiquei quando aquele “coiso”, o Rangel, rangia contra a “claustrofobia democrática” que sentia. Ele que, sendo chefe da sua bancada parlamentar, toda a liberdade tinha de dizer todas as inanidades que lhe apetecesse dizer. O que é que lhe faltava então? O ar e o tempo, quer dizer, o Poder! E sentia-se asfixiado porque sentia alguns escolhos: na concentração de todos os seus remunerados “hobis”! Como político (deputado), como professor, como membro das “quatrocasas”, como comentador e nem sei que mais. Não seria de asfixiar?
E eis que agora voltam a falar do mesmo! E eu? A continuar sem compreender…
Até que ontem, justamente ontem porque já estou a escrever este texto no dia de hoje, 06 de Março do ano da graça de 2017, eu acabei por cair na real quando, num certo e determinado momento, enquanto jantava e olhava fugazmente para a TV, ouvi Passos Coelho falar.
Creio que num jantar com mulheres sociais democratas, todas elas portanto saídas da claustrofobia dos seus lares ( será que os seus maridos ficaram em casa ou aproveitaram e foram ouvir o…ou jantar com…ou foram ao futebol?), dar a explicação que teimava em fugir-me  e na qual eu, confesso, nunca tinha pensado: Para ele há “Claustrofobia Democrática” porque o Governo e a comandita que o segue estão contra o Governador do Banco de Portugal e contra a D. Teodora, a quem ele classifica de independentes e, sendo inamovíveis, como António Costa reconheceu, isentos de qualquer critica.
E eu, mais uma vez inocentemente, perguntei-me: Mas quem sofre de “claustrofobia”? Ele, Passos, ou eles? Um no seu “Castelo” e a outra no seu gabinete? Fiquei sem saber…
Quer dizer: ficamos! É que eu, excepcionalmente, fui ao Google e digitei “claustrofobia democrática”. Que apareceu? Nada! Nenhum significado e apenas citações. Do Montenegro, do Rangel, do Passos e outros teóricos que, apesar da teoria que tentam impingir, ainda não tem significado concreto e, portanto, nem estudos nem seguidores, quanto mais teses de mestrado ou doutoramento! E qual é o seu teorema base e que tal teoria justifica? É o desta minoria, ou outra qualquer minoria, não conseguir impor a sua vontade a uma maioria! Onde já se viu?
Porquê? Pelo de sempre: eles, mesmo sendo minoria, deveriam ser maioria. Mas como? Porque há lá uma parte (quase 20%) que não devia contar e, sem eles, a maioria seria sua…
Por isso se sentem asfixiados. É natural. Mas assim como nos claustros, resta-lhes ler e meditar, rogar e implorar, fazerem penitência e mortificarem-se até, para além de se refugiarem nas últimas filas no Parlamento…para se lavarem, sararem, exorcizarem e redimirem os seus pecados. Para depois aparecerem alvos como a neve…
Mais uma vez, AMEN, que em Português quer dizer: assim continuem…
(Joaquim Vassalo Abteu, 06/03/2017)

 Fonte aqui

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