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sexta-feira, 10 de março de 2017

Parlamento condena invasão da FCSH por grupo de extrema-direita:

Com a abstenção da direita, o parlamento condenou a invasão e tentativa de intimidação dos dirigentes da AE da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas em Lisboa. O voto foi apresentado pelo PS, Bloco e PAN e teve ainda votos favoráveis do PCP e PEV.

Mural com a imagem de Salgueiro Maia numa das portas da FCSH, foto retirada do Google Maps.

Esta sexta feira, o parlamento aprovou um voto de condenação aos obstáculos colocados à realização da conferência do Professor Jaime Nogueira Pinto nas instalações da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) em Lisboa. O voto foi apresentado pelo PS, Bloco e PAN, aprovado com os votos favoráveis do PCP e PEV e abstenção do PSD, CDS e dos deputados socialistas Helena Roseta, Ascenso Simões e Miranda Calha. Condenou ainda “a tentativa de utilização de uma conferência em espaço universitário para a mobilização de uma milícia de extrema-direita com alegadas funções de segurança” e “a invasão de instalações académicas e associativas por um grupo de extrema-direita e a tentativa de intimidação de dirigentes associativos eleitos”.
O cancelamento de uma conferência pública do Professor Jaime Nogueira Pinto, que a organização Nova Portugalidade quis fazer nas instalações da FCSH, causou muita polémica ao longo da semana, e, como se pode ler no documento, “versões contraditórias sobre os factos circularam abundantemente”. A Associação de Estudantes (AE) é alheia à decisão do cancelamento, algo que foi reconhecido pela própria direção da FCSH. A Direção da AE, depois de uma decisão numa reunião geral de alunos, retirou apenas o apoio ao evento. “O direito de associação é constitucional e contempla indiscutivelmente o direito de apoiar ou não iniciativas externas, como a da organização Nova Portugalidade”, pode ler-se no documento aprovado na Assembleia da República.
Foi a direção da Faculdade quem foi responsável pelo cancelamento do evento pois tinha preocupações com as condições de segurança do evento. Preocupações essas que surgiram pois a organização Nova Portugalidade pretendia "trazer o seu próprio aparelho de segurança, materializando os receios de um alegado conflito". De facto, as preocupações pareciam ter razão de ser, uma vez que no final da tarde do dia 7 de março, a direcção da AE da FCSH “foi invadida por quatro dezenas de indivíduos afectos à extrema-direita, que se identificaram como tal. Numa atitude claramente intimidatória, exigiram conhecer individualmente alguns dos membros da AEFCSH”, segundo um comunicado emitido pela AE.
“Será sem dúvida discutível a opção da Direção da Faculdade pela inibição do evento em vez de impor imediatamente condições normais para a sua realização, mas é evidente que se registaram intenções e factos absolutamente inadmissíveis por parte dos promotores da conferência e do grupo a eles associado”, conclui o voto de condenação. 
Em baixo, veja parte da intervenção do deputado bloquista Jorge Costa na discussão na Assembleia da República.


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