Exmo. Sr. José Carlos Queiroz
Venho por este meio, visto não ter outra forma de contacta-lo,
responder, à notificação de comparência. Que, na minha ausência me foi deixada
a informação, que implicará a cessação da prestação, junto dos serviços do
Centro Distrital competente.
Agora e desculpando-me a inconveniência, pergunto-lhe, não tem por
acaso conhecimento do estado de saúde do meu filho? Porque será que ele não
frequenta o ensino especial obrigatório? Porque será também, que tem de ter a
assistência para além da hospitalar dum fisioterapeuta ao domicílio para lhe
dar assistência respiratória?
Por uma única razão, o Rafael tem 99% de incapacidade. Incapacidade
essa, que não me permite dar-me ao luxo de sequer pensar em ter um emprego. Mas
o Rafael está vivo e para além de ter de ser vigiado 24horas por dia tem o
direito assim como qualquer cidadão de sair à rua com a sua mãe. Não sabia era
que cada vez que tivesse que o fazer tivesse que notificar primeiro os serviços
sociais das minhas ausências domiciliárias.
No processo deveriam estar todas estas informações. O sistema até era
funcional aquando tratado directamente no Centro de Segurança Social mas agora
e sem perceber porquê, os casos como o meu, foram enviados para o CRATO centro
de toxicodependentes e carenciados, desculpe-me mais uma vez a ironia, mas
ainda não atingi esse estatuto. Pois o CRATO nem tem respostas efectivas para
nos dar nos casos de insustentabilidade por assistência a terceiros.
Estou extremamente revoltada, falaram comigo ao telefone, e ficaram de
me deixar uma notificação com um aviso, com alguma antecedência para me dirigir
ao núcleo.
Era isso que eu esperava, não o que fizeram de forma desleal, não podem
tratar todas as pessoas da mesma forma. Se alguém engana e vive à custa do
contribuinte, esse alguém não sou eu certamente. Sabe, eu gostava, muito mesmo
de ter vida própria, de poder trabalhar e socializar com as outras pessoas, mas
não posso, é a vida do meu filho que está em risco.
E ainda me querem tirar o pouco que recebo que é o que nos alimenta?
Nem ao meu filho mais velho consigo dar-lhe o curso superior que tantas vezes
lhe prometi, porque tudo para nós é insuficiente. Não acha já, que é preciso
fazer uma grande gestão numa família monoparental com dois filhos a cargo,
sendo um deles uma criança com paralisia cerebral grave, com 320euros de
subsídio?
Continuamos a utilizar o R/C da vivenda até que nos arranjem uma casa
que tenha condições logísticas ao meu filho, por parte da Câmara.
Pode vir a qualquer hora seja de dia, ou de noite, agradeço que me
enviem uma forma de vos comunicar quando me ausento, visto que segunda, quarta
e sexta entre as 11.30 a as 13h estou no hospital com o Rafael (o que também
poderão ir verificar), e além disso a grande maioria das consultas visto ser um
doente crónico grave, são em Lisboa aonde é constantemente acompanhado.
Não sendo eu nenhuma conhecedora do assunto, o Estado não pouparia mais
se propusessem aos pais trabalharem nas escolas e fizessem assim parte duma
sociedade activa aonde poderiam dar assistência directa aos seus filhos e
cruzar conhecimentos com outras auxiliares?
Assim sim, acredito que se evitariam algumas fiscalizações
desnecessárias.
Este documento será enviado também ao Ministro da Solidariedade,
emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares.
O meu filho é infelizmente, um doente permanente e eu não ando a roubar
o estado, pelo contrário, foi um médico que trabalha para o estado que me tirou
a minha vida e a do meu filho.
Agradeço resposta.
Cumprimentos.
Cristina Capela
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31/07/2013
31/07/2013
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