Maria Luís Albuquerque foi à Alemanha fotografar-se com Wolfgang
Schäuble. A portuguesa não foi ao beija-mão. Foi pior do que isso, o alemão é
que achou que devia dar uma mão à sua fiel Albuquerque. Escrevi fiel, não leal.
Lealdade é sentimento entre iguais. No final da reunião do Eurogrupo, que abriu
uma porta, o grego Varoufakis disse o que se ia fazer: "Acordamos (...)
uma nova lista de reformas que vamos abordar de um modo escolhido por nós em
colaboração com os nossos parceiros. Não iremos continuar a seguir o guião que
nos foi dado por agências exteriores." Isto é, o grego disse: estamos em
crise, mas não deixamos de ser um país independente. Isto é, não aceitou ser o
"protetorado" que o governo português disse com todas as letras ser.
Sobre os que governaram assim, Varoufakis disse: "Eles nunca imaginaram a
possibilidade de dizer não. Quando não se consegue imaginar a possibilidade de
dizer não, não se está a negociar. E quando não se está a negociar numa
situação como a da crise da zona euro, acaba-se a aceitar um acordo em que no
fim (...), além de mau para os fracos, é mau para os fortes." A Alemanha
reconheceu isso e vai mudar. Por isso é que piedosamente deu uma mão aos seus
fiéis. Quando os lusitanos Audas, Ditalco e Minuro, comprados pelo general
romano Cipião, mataram Viriato, foram pedir a paga. Foram mortos e expostos com
um cartaz: "Roma não paga a traidores." Sorte a do governo português.
Berlim paga.
FERREIRA FERNANDES
Hoje no DN
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