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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Feira dos capões:

Se não fosse a má disposição do Cônsul Romano, Caio Cânio, cansado da perda de sono por causa do cantar dos galos, conseguiu fazer aprovar uma lei impeditiva da existência destas aves na cidade de Roma. Houve quem contornar-se esta lei. Não olhando ao sofrimento desses galináceos, quem os possuía, arranjou forma de os capar. Assim saiu-lhe toda a altivez e passou a capão. Se não houvesse a ideia de os capar no dia de hoje não se dava este evento em Freamunde.
Julgo ser doloroso tal acto. Mas há males que vêm por bem. Por que traz benefício para quem os cria. Nesta quadra natalícia não há mãos a medir. Não só os criadores como a restauração. À pala disso ganha a Santa Luzia.
Feira/festa que se celebra todos os anos no dia treze de Dezembro e que traz bastante gente até Freamunde. Uma parte para satisfazer promessas, outra para vender e outra para comprar não só capões. Nesta feira há toda a variedade de artigo. Do mel às nozes e pinhões, a quadra é propícia, vestuário, artigos hortícolas e frutícolas e outra variedade de artigos que estas feiras proporcionam aos visitantes. Pena haver pouco dinheiro para tanto artigo. O comércio local, ávido de negócio, agradece esta dádiva que antes quinze dias do Natal lhes aparece porta adentro. Sabe-se como está difícil a vida. Por isso todos os cêntimos que venham são de bom grado.
De há anos a esta parte a Associação de Jovens ao Futuro (AJAF), juntamente com a Junta de Freguesia de Freamunde, Confraria do Capão, Câmara Municipal de Paços de Ferreira e Restauração do concelho envidam todos os esforços para que cada vez mais a feira dos capões seja um êxito.
Não falta publicidade e eventos sobre esta feira. Antes oito dias, um restaurante por noite - os que entram no concurso - confecciona um capão para se apurar o melhor confeccionado e assim ganhar o primeiro prémio. No dia doze o júri escolhido para o efeito elege o restaurante que melhor confeccionou o capão. Além deste evento acontece outros para publicitar a feira e a terra. Tudo é preciso. Assim como durante uns dias no Aeroporto Sá Carneiro é exposto num cabaz um capão com o seguinte dizer: “Vim passear ao Porto e Norte!”
Por falar nisso e para que fique escrito nos anais da história de Freamunde, há uns anos na Marcha Alegórica das festas Sebastianas, um carro era alusivo ao marceneiro que aqui foi nado e criado. Em Paços de Ferreira resolveram implantar na Rotunda uma estátua a lembrar essa efeméride mas como patente deles. Mas é pertença de Freamunde. Acontece que esse carro alegórico retratava essa estátua com os seguintes dizeres: desculpem a minha ausência por três dias mas não resisti de ir às festas à minha terra (Freamunde).
E verdade seja dita. A arte de marceneiro nasceu aqui em Freamunde. Albino de Matos, no início do século passado, deu realidade à indústria do mobiliário em Freamunde e com isso a profissão de marceneiro. Mais tarde com a confecção de material didáctico tanto em madeira ou ferro. Para isso foi criada a fábrica Albino de Matos Pereira & Barros Lda.
Acontece o mesmo com a exposição do capão no Aeroporto Sá Carneiro. Ele não foi só passear. Foi mostrar-se para que quem passa pelo aeroporto tenha conhecimento do evento que Freamunde leva a treze de Dezembro. Esperamos que não nos venham surripiar também este evento. Vontade não falta. Além da feira também se celebra o dia de Santa Luzia protectora da visão.
Vem muitos crentes assistir à missa (11 horas) para satisfazer promessas de vários pontos do concelho e concelhos limítrofes. A Capela de S. António no centro da cidade, de pequena dimensão, ainda se torna mais derivado à afluência de crentes. Se não fosse o Largo de S. António onde também se juntam muitos crentes a assistir à missa que a ouve através da aparelhagem sonora não sei como satisfaziam as promessas. Faço este reparo para afirmar da maneira como é venerada a Santa Luzia pelos crentes. Tem sido muita referenciada a feira dos capões e levada ao conhecimento pelos quatro cantos de Portugal. Assim, além da publicidade doméstica, há também a que é feita pela Comunicação Social ou através do Facebook e Blogues.
Pena que o dia ameace com chuva. Assim, quer feirantes e compradores passam por momentos arreliadores para satisfazer os seus anseios. E os capões, que têm um lugar coberto, também sentem esses momentos de arrelia. Mais a mais quando se dá o momento do seu concurso. Andaram durante dias todos garbosos, para agora estarem de crista caída, derivado à chuva. É assim. Mais um ano a profecia triunfou: Conceição de sol Luzia de Chuva.

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