Hoje tenho pouco apetite para escrever e escasseiam-me temas para o
fazer. Dei uma volta pela internet - o meu maior passatempo - e de entre muitas
notícias e textos, saltou-me aos olhos e à memória, histórias verídicas passadas por pessoas simples da nossa sociedade. São estas humildes
criaturas que enriquecem o viver e simplicidade da maioria dos portugueses.
Pena é que a maioria da comunicação social, englobo as televisões, não tenham tempo de percorrer o País à procura das muitas donas Rosas que abundam.
Só lhes interessam as dicas e tricas, o brig brother da TVI, os maldizeres do Correio da Manhã, e textos como escreve Paula Cosme Pinto, no Expresso, passem para páginas de menor importância. Por isso aconselho a leitura do texto a seguir.
Pena é que a maioria da comunicação social, englobo as televisões, não tenham tempo de percorrer o País à procura das muitas donas Rosas que abundam.
Só lhes interessam as dicas e tricas, o brig brother da TVI, os maldizeres do Correio da Manhã, e textos como escreve Paula Cosme Pinto, no Expresso, passem para páginas de menor importância. Por isso aconselho a leitura do texto a seguir.
“Tive o prazer de conhecer a dona Rosa há uns dias. Tem um sorriso
contagiante e uns olhos doces. Daqueles que nos deixam imediatamente à vontade.
Vive num bairro tido como marginal, onde tem uma lavandaria. Na parede lê-se o
seguinte: "Aqui lavo corações e
angústias, seco lágrimas, passo a ferro dores e tiro nódoas do amor, mesmo as
mais difíceis". Mais verdade, impossível.
Pela cadeirinha da entrada daquele estabelecimento de decoração tosca -
que a meu ver ainda o torna mais pitorescamente delicioso - passam diariamente
velhinhas, adolescentes, emigrantes, prostitutas. Gente que não tem dinheiro
para um psicólogo, mas que precisa de alguém que esteja disposto a ouvir. E a
dona Rosa está.
Por trás do ferro de engomar industrial, que não lhe permite ouvir
metade dos desabafos que ali são feitos, abana a cabeça e sorri. "Mais do
que alguém que lhes dê a opinião, precisam de alguém que lhes dê atenção, um
sorriso e tempo. O tempo é algo precioso". Palavras da dona Rosa que,
prestes a fazer 50 anos, traz no rosto e no discurso uma sabedoria que só a
vida consegue dar. "Quando estas pessoas vão embora levam consigo as suas
histórias. Talvez mais resolvidas, porque verbalizaram. Mas quem as resolve são
elas, não sou eu".
Preservativos, rebuçados e medicamentos
No balcão da lavandaria tem três caixas com que tenta resolver, sem
palavras, alguns problemas. Uma tem preservativos, com o intuito de prevenir as
muitas prostitutas da zona de contraírem doenças sexualmente transmissíveis.
"Quem sou eu para fazer juízos de valor? Mas se puder evitar-lhes um
problema de saúde, tanto melhor". Depois tem uma caixa de medicamentos.
"Há muitos ilegais que não têm acesso a um centro de saúde. O que me custa
a mim dar-lhes uma ajuda com coisas tão simples como constipações?". Por
fim, uma lata com rebuçados. "As crianças merecem o melhor e um docinho
sabe sempre bem".
A mim sabe-me bem encontrar nas esquinas da minha cidade mulheres como
esta. Com uma consciência social muito mais coesa do que muitos dos nossos
governantes e demais senhores e senhoras que são pagos - e bem pagos - para
'tratarem' dos cidadãos. A dona Rosa ajuda com o que pode e não cobra nada em
troca. Ajuda por prazer, porque sabe que há pequenos gestos que são muito grandes.
E se há pessoas que considero 'grandes', são pessoas como esta.”
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