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quinta-feira, 28 de março de 2013

O regresso do “Menino de Ouro ou do Animal feroz":


Como era de esperar regressou em grande. Mesmo com dois entrevistadores que por tudo e nada o interrompiam ou não o deixavam acabar a resposta porque lhe faziam outra e mesmo assim dava água pela barba, como se costuma dizer, a Victor Gonçalves e Paulo Ferreira. Com isto não quero dizer que os entrevistadores não o contrariassem. Devem-no fazer. Mas quando fazem perguntas devem deixar o entrevistado responder.
Que se desiludem os politólogos que achavam que José Sócrates ia ali para ajustar contas com António José Seguro ou alguns membros do Partido Socialista. O interesse dele era demonstrar o quanto foi enxovalhado pela direita e alguma esquerda portuguesa. Que alguns que não são nenhuma referência, caso Morais Sarmento, para atirar pedras. Não se lembra do seu passado!
O que os comentadores políticos queriam era que José Sócrates fosse para ali continuar a levar “porrada” como aconteceu nestes dois anos. Por isso lembro os escritos de Emilce Shrividya Starling.
“Havia, em um campo, uma grande e venenosa cobra. Ninguém se atrevia a passar por ali, pois ela mordia a todos. Um dia, um santo passou por aquele caminho e a cobra preparou –se para mordê-lo. Porém, quando se aproximou do santo, perdeu toda a sua ferocidade e foi dominada pela doçura e suavidade do Yogue. Vendo-a, o sábio lhe disse: “Bem, minha amiga, pensas em morder-me? Envergonhada, a cobra nada replicou. Então, o sábio prosseguiu:” Ouça, amiga: não tornes a fazer mal a ninguém para o futuro”. E o sábio seguiu seu caminho e a cobra concordou com suas palavras e passou a viver sem morder e sem molestar a ninguém.” Com o tempo, todas as pessoas da vizinhança chegaram à conclusão de que a cobra perdera seu veneno e de que já não era perigosa; e assim começaram a maltratá-la. Jogavam pedras nela, puxavam seu rabo sem piedade; estava quase morta e seu sofrimento não tinha fim.
Era isto que os tais comentadores políticos queriam que José Sócrates continuasse a fazer. Só que quem não se sente não é filho de boa gente.
“Felizmente, tornou a passar o sábio pelo mesmo caminho, e vendo a triste condição da serpente, tão maltratada, ficou muito comovido e lhe perguntou a causa deste sofrimento.
“Santo Mestre— respondeu a cobra--- isto é devido a que não faço mal a ninguém, desde que me deste vosso conselho. Mas, ai! as pessoas são tão cruéis!”
O sábio, então lhe disse: “Minha amiga, eu simplesmente te aconselhei que não mordesses a ninguém; porém não te disse que não os assustásseis. Mesmo que não devas morder a nenhuma criatura, contudo deve se defender e manter as pessoas à distância, atemorizando-as com teus silvos!”
A cobra seguiu as instruções do santo e compreendeu que é importante se defender. Quando alguém passava, levantava a cabeça e silvava; evidentemente, ninguém se aproximava e as crianças e os adultos pararam de perturbá-la e a cobra recuperou a saúde e a paz.
Julgo que com esta entrevista José Sócrates conseguiu demonstrar à maioria dos portugueses que a maioria das afirmações que lhe fazem e ao seu governo não passa de embustes. Que falar é fácil mas o mais difícil é o demonstrar. O mais bonito é que há dias ouvi Almerindo Marques, num inquérito às Parcerias Públicas Privadas, dizer que o que está em primeiro lugar é provar as afirmações que se fazem. Disse que certas acusações lhe fazem lembrar a inquisição. Não basta acusar. É preciso provar. E, estas palavras eram dirigidas ao Tribunal de Contas e até hoje não ouvi ou li por parte do tribunal algo a desdizer Almerindo Marques.
Era o que o PSD e CDS queriam e querem fazer a José Sócrates. Só que este pode estar calado durante dois anos mas não se acobarda. Que o diga Cavaco SilvaA noite para o lado de Belém deve ter sido mal dormida. Mas não foi pelo que José Sócrates disse: foram os remorsos de consciência. 
Também a frase, "abandonai toda a esperança", de Dante, na Divina Comédia, foi uma forma de contradizer Passos Coelho quando disse que a melhor solução para o País está na emigração, no desemprego e que o salário mínimo não deve aumentar.  
Assim José Sócrates aproveitou esta entrevista para dizer aos portugueses que não faz mais como a cobra. Que sempre que o calquem os enfrenta com o "tomar a palavra". 

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