Rádio Freamunde

https://radiofreamunde.pt/

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Portugal. País quase milenar:


Por isso merecia mais respeito dos seus parceiros mundiais. Se hoje admiramos a tecnologia, a ciência e o empreendedorismo, porque não recompensarem-nos pelos feitos, que levamos aos cinco continentes: Europa, América, Ásia, África e Oceania. Demos mundo ao Mundo. Qual o maior inventor do século XV? Na era dos descobrimentos ou Grandes Navegações não foi o Infante D. Henrique que teve a eloquência para projectar tal feito! Com isto o que se pretendeu? Descobrir novos horizontes e levar cultura em troca de riqueza: que foram as especiarias da India.
Assim como levamos conhecimento também adquiríamos produtos que vinham depois a ser transaccionados no comércio de Lisboa. Não foi por acaso que Lisboa nesse tempo era a capital mundial do comércio. Todas as nações esperavam pela sua abertura. Uma espécie do que se passa hoje no mercado de Wall Street: o mais importante centro comercial e financeiro do mundo.
Quem teve a ousadia de ultrapassar o Cabo Bojador? Não foi Gil Eanes! Que nacionalidade tinha? Não era portuguesa! O que consistia este Cabo. Era onde se juntava vários recifes e derivado aos ventos e ao calor os barcos não conseguiam ultrapassá-los.
“A passagem do Cabo Bojador foi um dos marcos mais importantes da navegação portuguesa. Derrubou velhos mitos medievais e abriu caminho para os grandes descobrimentos e para a quebra do monopólio árabe no rico comércio das especiarias da Índia. Se Gil Eanes pudera navegar além do cabo Bojador e voltar, então que outras lendas eram também falsas? Tudo tornava-se suspeito, excepto o que os portugueses podiam ver e comprovar por si mesmos. Não haveria mais obstáculos intransponíveis e os portugueses se tornariam os senhores dos mares.”
Mas antes deste feito muitos homens sucumbiram como nos relata Fernando Pessoa nos seus versos:
Ó mar salgado, quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal! / Por te cruzarmos, quantas mães choraram, / Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar / Para que fosses nosso, ó mar! / Valeu a pena? Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor. / Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou o céu.
Depois desta travessia tudo se tornou mais simples. Os medos desapareceram e pôde-se ir mais além do que a Ilha de Porto Santo e Madeira. E assim descobriu-se Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe no que concerne a África; Goa Damão e Diu na India; Brasil, América do Sul e Timor na Ásia. A todas estas paragens levamos civilização. Ainda hoje podemos constatar a nossa passagem por aquelas terras com os monumentos, gastronomia e língua. 
Se a descoberta do Espaço foi um feito notável também o da navegação marítima o foi? Se hoje se admira a NASA porque não a Escola Náutica de Sagres! Uma deu rumo aos descobrimentos e à proximidade entre nações. A outra deu-nos o conhecimento da tecnologia e o que demorava meses a pormo-nos em contacto agora faz-se em segundos.
Mas a segunda não era nada sem a primeira. Só que não somos tão falados porque somos um povo que não valorizamos os nossos feitos. Parece que os receamos. Não temos de ter receios e devemos exigir que nos respeitem.
Por todas as províncias ultramarinas que andamos colhemos benefícios mas investiu-se para serem o que são hoje. Aliás, está provado, que deixamos mais do que trouxemos. Porque não pedir neste momento de crise porque passa o País para que nos ajudem como os ajudamos para serem o que são hoje. Não ficaria bem ao Brasil e Angola que são os países mais prósperos neste momento ajudarmos? De certeza que sim. É nas horas de infortúnio que se vêem as grandes acções.
Portugal pelo que deu ao Mundo não merecia outro tratamento? Claro que sim. Todos os países beneficiaram com os feitos e ensinamento da Escola Náutica de Sagres e do Infante D. Henrique. Mas a memória e história para muitos é curta.

Sem comentários:

Enviar um comentário