Por isso merecia mais respeito dos seus parceiros mundiais. Se hoje
admiramos a tecnologia, a ciência e o empreendedorismo, porque não recompensarem-nos pelos feitos, que levamos aos cinco continentes: Europa, América, Ásia, África e
Oceania. Demos mundo ao Mundo. Qual o maior inventor do século XV? Na era dos
descobrimentos ou Grandes Navegações não foi o Infante D. Henrique que teve a
eloquência para projectar tal feito! Com isto o que se pretendeu? Descobrir
novos horizontes e levar cultura em troca de riqueza: que foram as especiarias da
India.
Assim como levamos conhecimento também adquiríamos produtos que vinham depois
a ser transaccionados no comércio de Lisboa. Não foi por acaso que Lisboa nesse
tempo era a capital mundial do comércio. Todas as nações esperavam pela sua
abertura. Uma espécie do que se passa hoje no mercado de Wall Street: o mais
importante centro comercial e financeiro do mundo.
Quem teve a ousadia de ultrapassar o Cabo Bojador? Não foi Gil Eanes!
Que nacionalidade tinha? Não era portuguesa! O que consistia este Cabo. Era
onde se juntava vários recifes e derivado aos ventos e ao calor os barcos não
conseguiam ultrapassá-los.
“A passagem do Cabo Bojador foi um dos marcos mais importantes da
navegação portuguesa. Derrubou velhos mitos medievais e abriu caminho para os
grandes descobrimentos e para a quebra do monopólio árabe no rico comércio das
especiarias da Índia. Se Gil Eanes pudera navegar além do cabo Bojador e
voltar, então que outras lendas eram também falsas? Tudo tornava-se suspeito, excepto
o que os portugueses podiam ver e comprovar por si mesmos. Não haveria mais
obstáculos intransponíveis e os portugueses se tornariam os senhores dos mares.”
Mas antes deste feito muitos homens sucumbiram como nos relata Fernando Pessoa nos seus versos:
Ó mar salgado, quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal! / Por te
cruzarmos, quantas mães choraram, / Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar / Para que fosses nosso, ó mar! / Valeu
a pena? Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor. / Deus
ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou o céu.
Depois desta travessia tudo se tornou mais simples. Os medos desapareceram
e pôde-se ir mais além do que a Ilha de Porto Santo e Madeira. E assim
descobriu-se Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe no que concerne
a África; Goa Damão e Diu na India; Brasil, América do Sul e Timor na Ásia. A
todas estas paragens levamos civilização. Ainda hoje podemos constatar a nossa
passagem por aquelas terras com os monumentos, gastronomia e língua.
Se a descoberta do Espaço foi um feito notável também o da navegação marítima o foi? Se hoje se admira a NASA porque não a Escola Náutica de Sagres! Uma deu rumo aos descobrimentos e à proximidade entre nações. A outra deu-nos o conhecimento da tecnologia e o que demorava meses a pormo-nos em contacto agora faz-se em segundos.
Se a descoberta do Espaço foi um feito notável também o da navegação marítima o foi? Se hoje se admira a NASA porque não a Escola Náutica de Sagres! Uma deu rumo aos descobrimentos e à proximidade entre nações. A outra deu-nos o conhecimento da tecnologia e o que demorava meses a pormo-nos em contacto agora faz-se em segundos.
Mas a segunda não era nada sem a primeira. Só que não somos tão falados
porque somos um povo que não valorizamos os nossos feitos. Parece que os receamos.
Não temos de ter receios e devemos exigir que nos respeitem.
Por todas as províncias ultramarinas que andamos colhemos benefícios
mas investiu-se para serem o que são hoje. Aliás, está provado, que deixamos
mais do que trouxemos. Porque não pedir neste momento de crise porque passa o
País para que nos ajudem como os ajudamos para serem o que são hoje. Não
ficaria bem ao Brasil e Angola que são os países mais prósperos neste momento
ajudarmos? De certeza que sim. É nas horas de infortúnio que se vêem as grandes
acções.
Portugal pelo que deu ao Mundo não merecia outro tratamento? Claro que sim. Todos os
países beneficiaram com os feitos e ensinamento da Escola Náutica de Sagres e
do Infante D. Henrique. Mas a memória e história para muitos é curta.
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