Rádio Freamunde

https://radiofreamunde.pt/

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Ei-los que partem:


Não de sua livre vontade. Mas por soluções de vida. O poema com o mesmo nome do título deste texto diz: Ei-los que partem / novos e velhos / buscando a sorte / noutras paragens / noutras aragens / entre outros povos / ei-los que partem / velhos e novos.
Já não é assim. Outrora partiam novos e velhos à procura de uma terra para sua madrasta porque a sua mãe não tinha sustento para eles mas nunca lhes impôs que emigrassem. Hoje, além de não ter sustento, ainda aconselham a emigração. 
Mas, só podem emigrar os novos porque os de meia-idade são considerados velhos e os velhos considerados gente ingrata. 
Depois, vemos-lhos emigrar para o outro mundo, uns com uma corda ao pescoço; outros de acidente de automóveis propositados, lançados de falésias, com armas de fogo, imolados e um sem número de causas que não vale a pena enumerá-las. Assim tem acontecido a amigos meus e pessoas conhecidas. 
Foi a forma possível de emigrar que encontraram. Não digo que seja a melhor mas o desespero a isso as obrigou. 
Puseram a sua honra em planos que idealizaram. Os bancos iludiram tudo e todos com as facilidades dos anos noventa do outro século. 
Tudo era um oásis no nosso Portugal e até no Mundo. O que queriam era prosperar fosse da maneira que fosse. Só que chegou a crise e houve um elemento de um partido da oposição que determinou ao seu líder: ou a rejeição do PECIV ou a sua demissão. E assim aconteceu com a ajuda da oposição: direita e esquerda. 
A partir daí foi o descalabro de Portugal. A confiança que os mercados em nós depositavam foi ao fundo como o próprio País com o encerramento de muitas empresas, quer micro ou macro, a partir daí o desemprego alastrou. 
Os portugueses de menos posses viram o seu futuro andar para trás, género anos sessenta, do outro século. A classe média que suportava a economia e o comércio foi arrastada por efeito dominó.
Os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais miseráveis. Os Chicos-espertos que tinham saído da sua terra com uma mão à frente e outra atrás iam visitar a sua aldeia ao volante dum Ferrari. 
Um economista que resolveu fazer rodagem ao seu carro chegou à sua terra meses mais tarde como primeiro-ministro. 
Era um País a gastar à tripa forra o que fazia falta aos mais necessitados. Nestes nunca pensaram. E assim chegamos aqui. Um País que não tem meios de subsistência para os mais necessitados. 
Homens e mulheres que tudo deram para que este País fosse mais solidário são obrigados a partir para outros países.  
Outros com a vida desesperada a enveredarem por outro mundo: o da morte. Aconteceu ontem a mais um meu amigo. 
Estes senhores que contribuíram para isso passeiam e votam faladura como se nada tivessem com isso. Era a estes e aos bancos que devíamos buscar responsabilidades.  
Aos meus amigos e a todos os portugueses que partiram para outras paragens em busca de outra vida aqui vão votos de felicidade e prosperidade. Aos outros que resolveram partir deste mundo uma singela homenagem. 
Se por ventura um dia encontrarem aí banqueiros e membros deste governo enviem-nos para o inferno que é lá que devem perdurar.
Gente assim não merece consideração.

Sem comentários:

Enviar um comentário