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sexta-feira, 30 de março de 2012

Domingo de Ramos:



Apesar do dia do calendário deste ano ser o 1 de Abril não é engano ser este o dia em que se celebra o Domingo de Ramos. Relembra-se e celebra-se a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém. É conhecido assim porque o povo cortou ramos de Palmeiras, Oliveiras e de outras espécies para cobrir o chão por onde Jesus passava montado num jumento.
Para manter esta tradição, há anos quando era pequeno, a petizada andava a ver onde se encontravam as melhores oliveiras, para com autorização ou sem ela, arranjar uns ramos e não umas canas, como hoje se usa, para serem benzidas. Era o que melhor se podia desenrascar para levar o maior ramo.
Sendo Freamunde uma terra onde não existe muitas oliveiras o precaver com os ditos ramos originava muita azáfama. Havia agricultores quando solicitados com a dádiva de um ramo não punha objecção e contribuía. Outros que não se mostravam solícitos. Daí vir o roubo o que quando acontecia quem o praticava fazia-o de forma a abastecer-se a si e a alguns amigos menos arrojados a este tipo de prática. Era o que acontecia comigo.
No Domingo de Ramos de manhã juntávamos-nos em frente da Capela de S. Francisco e dali seguíamos em procissão até à Igreja Matriz. Havia de tudo. Ramos grandes que pareciam oliveiras. Outros de menor suporte.
Naquele tempo oferecia-se, um pequeno ramo, às famílias que não tinham filhos pequenos para o irem benzer. Esse ramo, benzido, era colocado num sítio apropriado e em dias ou noites de trovoada cortava-se umas folhas e queimavam-se para a atenuar. Era o que diziam os entendidos e assim acontecia em minha casa. Todos cheios de medo, com os trovões e os relâmpagos, dizíamos esta reza: “Santa Bárbara pequenina se vestiu e se calçou o seu caminho caminhou e quando Jesus lhe perguntou! Bárbara aonde vais? Meu Senhor, vou à terra aliviar a trovoada que por lá anda muita brava e mandá-la para o monte de maninho onde não haja pão nem vinho nem bafinho do menino." Ou com a fé ou com o tempo de duração a trovoada lá ia para outras bandas. Talvez para o monte maninho.
Hoje estas tradições usam-se com outras intenções. É usual os afilhados darem um pequeno ramo de oliveira à madrinha com a finalidade de relembrar a dádiva do folar no dia de Páscoa. Outros, a maioria, oferecem um ramo de flores. O consumismo a isso obrigou. Com a crise que grassa no País estou em crer que se vai voltar ao ramo de oliveira.
Assim a tradição volta aos seus primórdios. E que bonito que era! 

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