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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Pedido ao Pai Natal 2011:

Era o último dia de aulas do primeiro trimestre do ano lectivo dois mil e onze, dois mil e doze. O Centro Escolar ia entrar de férias. Notava-se no volume de coisas dentro das nossas mochilas e pela alegria estampada nos nossos rostos por este interregno. Dali em diante, durante quinze dias, não ia ter a voz de despertar da minha mãe: levanta-te. Está na hora de te preparares. Sim! Isto de todos dias se pôr a pé de manhã cedo para se ir para a escola tem que se diga.
É nas alturas em que a minha mãe me acorda que tenho que interromper os sonhos. Os meus queridos sonhos! Este era mais um, a juntar a tantos outros, se não se desse o caso da minha mãe continuar desempregada e o Fundo de Desemprego a terminar. Já não bastava o caso de estar divorciada. Assim não posso sonhar com uma bicicleta nova. Tenho de me contentar com a velhinha.
Noto que neste Natal os meus presentes vão ser menos e mais pequenos. Ainda me lembro, apesar da minha pouca idade, dos presentes que uma tia da minha mãe dava a mim e aos meus primos. Eram tão pequenos que os tínhamos de segurar com cuidado senão fugiam-nos das mãos. Mas, naquele tempo, a tia da minha mãe fazia-o em tom de brincadeira porque no dia de Reis ofertava-nos outros. Parecia Espanhola! Mas não era. A Espanha foi uma vez: Santiago de Compostela e Vigo. Não sei se já previa natais de rara abundância. Não! Julgo que não. A tia da minha mãe não tem o dom da adivinhação.
Assim o que me resta pedir este ano ao Pai Natal é um emprego para a minha mãe. Porque se assim não for não vejo alegria no rosto dela. E o rosto dela é jovem e bonito. Não quero que se torne num rosto de sofrimento. Todos os quinze dias noto, a sua tristeza, quando se dirige ao Centro de Emprego para marcar a sua presença. E, como ela muitas mães e pais de meninos como eu.
Como posso aspirar a um Natal de muitas prendas se quando vou à dispensa e ao frigorífico noto o espaço que lhes sobra! Noutros tempos os seus interiores pareciam de dimensões pequenas, hoje parecem enormes, dada a falta de géneros de alimentação.
Assim, Pai Natal, espero que não te esqueças de trazer no teu saco, trabalho, para a minha mãe e para os pais de todos os meninos Portugueses que se encontrem na mesma situação. As prendas que fiquem para outros natais mais distantes no tempo.

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