Rádio Freamunde

https://radiofreamunde.pt/

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

“Qual é, então, o milagre que vai transformar uma terra miserável numa terra opulenta?”:

Desde já descrevo a minha declaração de interesses. Nasci na Gandarela há sessenta e um anos, vai para sessenta e dois – que orgulho sinto por isso – não fosse a tradição lembrar. Quem nasceu na Gandarela / por força tem de chorar / o destino que lhe espera / é morrer a trabalhar.
Por tudo isto, com a experiência que a vida me deu, nunca almejei a grandes “voos” - a não ser o de Luanda, Lisboa, no cumprimento do serviço militar, guerra ultramarina, e mais tarde à Madeira por afazeres profissionais. Quando nos encontramos distantes desta “terra miserável” é que damos valor aos nossos sentimentos – comigo assim acontece – e vemos o que uma terra representa para nós. Por falar nisto e quase que vem a talho de foice.

Um dia, nas várias vezes que fui com um grupo de reclusos do E. P. Paços de Ferreira a outros E. Prisionais, torneios de futebol de cinco, nas atitudes e conversas havidas entre os reclusos quer de um ou de outro E. Prisional, os do E. P. Paços de Ferreira defendiam com unhas e dentes o seu. No fim e quando regressávamos a casa dizia-lhes: estão sempre a dizer mal do E. P., do pessoal que ali labora e nestes casos defendem-nos com quanta força tem? Recebia como resposta. Gostamos de defender o que é nosso quer haja algum defeito ou não. Se o E. P. tem carências, se não labora bem, o problema é de todos e não de uma parte só. Nós não nos excluímos. Também somos parte do problema.
“A genial ideia da Confraria dos Capões”. Em todas as organizações há ou tem de haver uma direcção ou organização com um presidente a presidir e dar a cara no bem e no mal. Há quem seja adepto do tudo ao monte e fé em Deus. Se as coisas não rolam bem há que denunciá-las. Sempre com críticas construtivas. Dizer mal não falta quem o faça. O que falta são ideias.
Como disse não sou nenhuma criança e lembro-me da feira de S. Luzia há muitos anos. Sempre a defendi como um ex-líbris desta terra juntamente com as festas da Vila (Mártir S. Sebastião) no que respeita a festas. Ainda me lembro do tempo de andar a carregar capões a troco de uma pequena gorjeta.
Hoje está tudo diferente. O progresso assim exige. Por isso tem de se mudar certos procedimentos para dar mais-valia à feira. Não vejo a Confraria dos Capões a fazer os possíveis e impossíveis para a desvalorizar. Pelo contrário: a fazer o concurso do melhor capão, o melhor restaurante a confeccioná-lo e assim sucessivamente. Se é o chefe Silva a presidir ao júri não me importa.
Nestes eventos se não vem gente que perceba da poda dizemos que há falta de carisma. A não ser que queiramos o sacristão da freguesia. Com respeito por este. Se comem à borla como queria que se procedesse? Que trouxessem uma marmita? Como podiam dar a sua aprovação se tinham comido o que confeccionaram!
“Cadáver de um capão assassinado e mutilado barbaramente”. Só são assassinados e mutilados os que se vendem na feira de S. Luzia? Ou isso faz parte do consumo. Ainda não inventaram o plástico comestível. E enquanto essa demora temos que sobreviver seja com carne de capão ou frango. Também se não fosse por este motivo ele “capão” não era tão bem tratado.
Por isso digo que gosto da S. Luzia com ou sem defeitos. Quer seja a Junta de Freguesia, a Confraria do Capão ou outra entidade a organizá-la. O que gosto é de ver o nome de Freamunde a ser falado por bons motivos e a S. Luzia (feira dos capões) é um valor acrescentado. E não é celebrada numa terra miserável! É em Freamunde.
Continua

Sem comentários:

Enviar um comentário