Nasci num dia frio do mês de Janeiro de 1949. Tive a infância possível para aquela era. Ainda me recordo das brincadeiras dessa altura: o jogo do pião; da montanha; da cagalhufa; dos cowboys; do bate-parede; do caça-caça; dos jogos de futebol entre lugares; que acabavam sempre com uma corrida à pedrada e umas cabeças partidas. Até nisto éramos pobres, hoje é só nomes de rua.
A propósito, há dias numa conversa de desempregados e reformados, hoje em dia é o que está em voga, um colega meu referia-se que havia de haver uma rua com o nome do pai que tinha sido um grande homem. Ao que outro retorquiu: grande homem foi o meu que numa família numerosa nunca nos deixou passar fome. Eu para acabar com a discussão disse: se eu mandasse em lugar de nomes às ruas atribuía-lhes números, como acontece na cidade de Espinho. Mesmo assim corria o risco de ser criticado pelos moradores das ruas números, onze e sessenta e nove.
Mas voltando à vaca fria. Hoje na era da informática é raro ver uma criança que não tenha uma PSP, telemóvel e gameboys. Quando tive uma televisão em casa de meus pais já tinha cumprido o serviço militar. Antes de ir para a tropa não havia em casa luz eléctrica, servíamos do candeeiro a petróleo.
Hoje vejo os meus netos tenho dois rapazes, - primos entre eles - um de quatro anos, outro com oito, a falar ao telemóvel melhor que eu e já homem, ganhei mais experiência pelo motivo de no serviço militar ter tirado a especialidade de rádio telefonista.
Com isto não quero particularizar, não era só comigo, era com a maior parte dos miúdos. Hoje, homens com sessenta anos, dá-me orgulho quando os encontro e vejo o rumo que todos levamos. Aqui deixo uma saudade a três que nos deixaram, Luís de Sousa Afonso, Manuel Marques Nunes, vítimas de doenças prolongadas, vulgo cancro, outro não revelo o nome porque pôs termo à vida por uma questão de honra.
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