Ignoro a influência do debate de ontem nos resultados eleitorais, e fiquei com a certeza de que correu especialmente bem a Montenegro e de que se destacou nele Rui Tavares. Por entre promessas de todos, ficou por discutir a Justiça, a economia e a Defesa com a direita a ignorar o drama da Palestina destacando-se o PCP e Livre na sua denúncia.
Poderia dizer que quem ganhou o debate foi Carlos Daniel, um excelente jornalista que o conduziu com profissionalismo, serenidade e eficiência. Só não conseguiu tornar Montenegro honesto e Ventura civilizado porque era, e é, uma impossibilidade absoluta.
Mais importante do que dar notas aos protagonistas do debate, uma idiotice iniciada por Marcelo, é recordar como chegámos aqui:
A vitória do PS por maioria absoluta em 2022 deixou azedo o PR, que se viu esvaziado de poder e impedido de levar o seu partido ao poder durante o último mandato. Caiu-lhe o verniz democrático e, no ato de posse do Governo, deixou cair a máscara com ameaças ao PM. A partir daí o 7 de novembro de 2023 foi o início de golpes sucessivos, urdidos em Belém, primeiro com o parágrafo, depois com a recusa de empossar Mário Centeno e, finalmente, com a dar posse ao líder de turno do PSD.
Tudo o que aconteceu, é responsabilidade de Marcelo, desde a alteração da correlação de forças na AR, à explosão de um partido fascista e à instabilidade do País que agora serve para o responsável e o seu beneficiário chantagearem o eleitorado.
Já no período de luta eleitoral, o Ministério Público voltou a intrometer-se na campanha, primeiro com a investigação preventiva, para arquivar as pesadas suspeitas sobre o PM, e depois outra sobre um assunto arquivado para tornar suspeito o líder do PS.
Foi assim que ontem, com notável desfaçatez, Montenegro acusou o PS e o Chega de se terem aliado para as eleições que provocou para esconder as avenças que transmitiu aos filhos e procurar nas urnas o branqueamento da sua execrável conduta ética. Foi, aliás, com a mesma desfaçatez que garantiu que a Saúde está melhor e que se gabou do que conseguiu fazer com o Orçamento e a folga que herdou da responsabilidade de Medina.
Depois do que fizeram ao 25 de Abril, ao 1.º de Maio, à ética e à decência, o PR, o PAR e o PM, Portugal está em risco de deixar de ser uma democracia para se tornar no lugar infecto para que o conduziram.
Apostila – Como já várias vezes referi, o ministro mais perigoso deste governo e que será o próximo é o das Finanças. Infelizmente para todos nós.


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