Ontem foi um dia rico em factos políticos e a minha mãe, apesar de ter trabalhado todo o dia estava muito bem informada. E do que não tinha visto, falei-lhe eu.Em Portugal, o governo de gestão, alheio à ética e à legalidade, foi ao Porto, ao mercado do Bolhão, em propaganda eleitoral e a lançar a candidatura do ministro Pedro Duarte à Câmara, perante o silêncio cúmplice do PR que só fala, e muito, quando não deve.
Foi uma bela comemoração do aniversário da posse do Governo, conferida há 1 ano pelo pai, o PR, e com a mãe na assistência, a D. Lucília Gago, coautora do parágrafo assassino para o PM de um governo de maioria absoluta.
Este governo cavaquista com sotaque do Norte, como diz a minha mãe, é tão excelente na propaganda como o PM a tratar da vida, seja a angariar avenças ou na administração direta da construção da sua mansão de Espinho. E, como a ética não é uma exigência do eleitorado de direita – disse a minha mãe –, só falta um ministro ser constituído arguido para o AD ter maioria absoluta, como o Albuquerque na Madeira. Boa piada, mãe!
O PR digeriu as afrontas de Montenegro: formação do governo, escolha da comissária europeia, Maria Luís, e do PGR sem o ouvir, e não há moscatel nem ginjinha que lhe mitigue a azia. No fundo regozija-se com a travessura ao Costa porque conseguiu o que queria; governo de direita, cinquentenário do 25 de Abril com maioria de direita na AR, lei da eutanásia na gaveta e PRR e a excelente situação económica nas mãos do PSD. Marcelo é mau, mas não é burro, disse eu; beato e hipócrita, desabafou a minha mãe.
Nos EUA, Trump continua imprevisível e acabará mal, mas a UE pode acabar pior, com reputação igual. Trump ameaça dar cabo do mundo, e Ursula Von Leyen da UE. Ursula vê o perigo da Rússia para a Ucrânia e não vê o dos EUA para a Gronelândia; e esquece Israel a destruir países vizinhos e a Turquia de Erdogan a caminhar para o Califado.
E o mais deprimente de ontem foi o encontro de Viktor Orbán e Netanyahu na Hungria, onde o anfitrião recebeu o prófugo do TPI. A minha mãe chamou prófugo a Netanyahu para me ensinar mais uma palavra que eu desconhecia.
Quando lhe perguntei o motivo da geometria varável da Europa, segundo quem a refere, disse que se devia à plasticidade do conceito Europa, a forma erudita para me explicar o desvario dos que alteram a geografia ao sabor das conceções políticas.
Enfim, hoje o diário é como a minha mãe gostaria de o ler, a piscar o olho à erudição. Hei de falar do Steve Bannon que lançou em Bruxelas (2018), uma fundação destinada a unir populistas e nacionalistas de extrema direita na Europa, assim como de Trump, Putin, Elon Musk e outros trastes conhecidos, mas em linguagem mais terra a terra.
Foram os arautos do neofascismo, bonita expressão, que grassa na Europa, seja qual for a sua configuração. Fica para outra página do diário. Só mais uma novidade, a saída do Elon Musk do governo de Trump, o fim da parceria que a minha mãe previa.
Musgueira, 03 de abril de 2025 – Diana
Carlos Esperança
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