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sexta-feira, 18 de abril de 2025

Os comedores de ostras e os comedores de batatas:

Quando me falam de liberais em Portugal, repito sem alterações a definição que me parece a mais clara: trata-se de ricos que não querem pagar impostos ou de jovens que nunca trabalharam e sonham em ser ricos. Os liberais falam em liberdade, é certo, contrapondo-a ao regime feudal e aos privilégios, se bem que neste particular seja sempre importante lembrar que a desigualdade que envergonhadamente escondem não ter a ver com vinculações de natureza jurídica, mas com a realidade social de um regime que defendem à outrance, segundo o qual cada um é a propriedade que herda, as conexões sociais que o acompanham durante a vida e o dinheiro que obtêm graças à sua rede social de interesses. Nasce-se com riqueza ou sem riqueza, tem-se ou não a educação que se paga, a saúde que cura ou mata e até o poder de contratar ou não os profissionais da justiça que ilibam ou condenam. Os liberais pensam no grupo: o dos beati possidentes, das cadeias de protecção e das carreiras que os concursos viciados lhes produzem.

Hoje, sem qualquer margem para dúvida, ficou bem claro o que é o liberalismo português: o desconhecimento distante e arrogante que exibe perante a plebe, as ideias que durante os últimos 200 anos repetem como se de um viático para a salvação se tratasse (o viático dos poucos escolhidos) e uma necessidade indisfarçável de tudo transformar em negócio. Irritado com a segurança de um Ventura saído da plebe, Rocha veio com a fatwa do socialismo; ou seja, para os liberais, tudo o que permita a igualdade elementar de ser educado, ser tratado e comparecer perante a Justiça cega é "socialismo". Foram tantas as manifestações de sinceridade de Rocha que, olhando para o perfil social da população portuguesa, surge como evidente que se dirige a 3 ou 4%.

Miguel Castelo Branco 

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