Um dos aspectos que importa agora reconhecer é que a invasão da Ucrânia pela Rússia foi, de facto, provocada! E isso é importante pois, na prática, permite perceber que existem soluções diplomáticas para terminar este conflito e para dar resposta às inerentes questões de segurança.
No entanto, um dos problemas é que ainda atualmente e apesar de serem cada vez mais óbvias as evidências sobre a realidade do que tem vindo a ocorrer, um grupo de políticos, académicos, comentadores e jornalistas mal intencionados continua a propagar, falsificar e distorcer os factos, levando a que a generalidade das pessoas persista em aceitar uma narrativa de guerra construída para apoiar essa propaganda do dito “ocidente alargado” e que toma fevereiro de 2022 como o ponto de partida do conflito, negligenciando toda uma história importante desde o golpe de estado fomentado por esse mesmo Ocidente em Kiev, em 2014.
Nessa altura, os EUA instalaram um novo governo com um novo chefe dos serviços de informações ucranianos, e a primeira coisa que o novo dirigente desses serviços fez, no primeiro dia após o golpe, foi pedir o apoio da CIA e do MI6 para iniciar uma guerra secreta contra a Rússia. Isto precedeu mesmo a anexação da Crimeia pela Rússia e o conflito no Donbass. Foram então estabelecidas bases da CIA para espionagem, roubo de tecnologias confidenciais e até para incursões no território russo. A população ucraniana foi, entretanto, submetida a uma desrussificação, sendo-lhe negados direitos linguísticos e religiosos (mais de 60% da população utilizava diariamente a língua russa e praticava a religião ortodoxa canónica), enquanto todos os partidos da oposição política e a quase totalidade dos meios de comunicação social foram expurgados.
Os alemães e franceses (que testemunharam os acordos de Minsk) e os ucranianos já vieram admitir que não havia qualquer intenção de implementar esses acordos, mas que o objectivo era ganhar tempo para mudar a realidade na região através da construção de um grande exército ucraniano. As principais potências da OTAN modernizaram as forças armadas ucranianas fornecendo grandes quantidades de armamento, sobretudo de artilharia, defesa aérea e anticarro, e intensificaram-se os exercícios militares simulando e preparando uma guerra contra a Rússia.
A recusa e evasão a todas as tentativas do presidente russo para negociar uma melhor arquitetura de segurança europeia e para levar a cabo o cumprimento dos acordos de Minsk, bem como as declarações do presidente ucraniano de desejar que a Ucrânia fosse admitida na OTAN e recebesse armamento nuclear, levaram a um forte acréscimo das tensões locais e, finalmente, a postura das forças militares ucranianas no Donbass com um aumento exponencial dos efetivos em contacto e sobretudo com o início de intensos fogos de artilharia (testemunhados e registados pela Missão de Verificação da OSCE no local) característicos da preparação de um assalto, convenceram a Rússia de que tinha que atacar a Ucrânia, de forma a evitar a chacina pelos nazis ucranianos das populações do Donbass e Crimeia ou mesmo de ser atacada no seu próprio território.
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